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Teatro e dança

Teatro: “Remédio”, de Enda Walsh, é sobre cuidar dos vivos

As atrizes Maria Jorge e Iris Runa (de boné)
As atrizes Maria Jorge e Iris Runa (de boné)

“Remédio” é uma peça extraordinária sobre saúde mental e, sobretudo, o amor e o cuidado que nunca deveriam estar ausentes nas relações entre as pessoas. Pelos Artistas Unidos, no Teatro da Politécnica, em Lisboa

Tudo se passa numa sala, desarrumada, onde parece que houve uma festa na véspera. Uma mesa, uma cabina ao fundo, um cubículo à direita, uma bateria num canto, do outro lado, pouco mais. Uma faixa pendurada do teto, em que está escrito “Parabéns”. E John Kane, um rapaz, ou um homem, ainda novo, de pijama azul e uns sapatos gastos. Chega uma pessoa mascarada de homem velho, e depois uma outra, vestida de lagosta. São duas atrizes, que vêm para a sessão anual de dramaterapia de John, ali internado, numa instituição psiquiátrica. Foi ele quem escreveu o texto para a sessão. Toda a peça se organiza em torno deste eixo dramatúrgico: as raparigas leem partes do guião, falam entre si e com John, fazem comentários, sugestões. O discurso da peça articula memórias do rapaz, relações entre as atrizes — tensas, violentas, por vezes — e, previsivelmente, fragmentos daquilo que são memórias e reflexões de John. Este discurso, extremamente trabalhado do ponto de vista autoral, é também um discurso que dá a ver a sua radicação no passado, nas memórias que, com as repetições e recorrências, apontam para uma personalidade da personagem. Existe, ainda, um baterista, que não intervém vocalmente.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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