
Encantamento transfeminino em “Il y a une larme dans chaque note et un soupir dans chaque pli”, com criação de Caty Olive e Odete. Para ver hoje na BoCA, Bienal de Artes Contemporâneas, no Teatro Ibérico, em Lisboa, e domingo em Serralves, no Porto
Encantamento transfeminino em “Il y a une larme dans chaque note et un soupir dans chaque pli”, com criação de Caty Olive e Odete. Para ver hoje na BoCA, Bienal de Artes Contemporâneas, no Teatro Ibérico, em Lisboa, e domingo em Serralves, no Porto
Claudia Galhós
Il y a une larme dans chaque note et un soupir dans chaque pli” resulta do encontro entre a artista francesa Caty Olive (criadora de luz e cenógrafa) e a artista multidisciplinar portuguesa Odete, a partir de um desafio de Serralves e da BoCA — Bienal de Artes Contemporâneas. No centro do trabalho desenvolvido estão os castrati. Mas não apenas os castrati.
Há uma perspetiva pessoal e particular a partir da qual Odete queria trabalhar. “A relação entre eu, Odete, em 2023, um corpo transfeminino e o que seria este corpo barroco, de um homem que era considerado pela sociedade meio-homem, que carrega a marca de uma castração”, como disse ao Expresso. Nesta interrogação de si própria e dos significados que carregam o seu corpo transfeminino, descobriu que não se relacionava com o universo de feminilidade mais hegemónica ou com uma mitologia ou uma cosmogonia da mudança de sexo, mas com uma ideia de eunuco ou castrado. Daí nasceu uma construção teórica complexa e sedutora que passa por um extenso texto que é a base da performance, onde escreve: “É fácil perceber que o castrado é um ponto de cruzamento, pelo menos a meu ver, da história gay e da história trans — no sentido em que é uma figura essencial para o que poderíamos chamar de uma história da corporalidade flamboyant.”
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