Orson Welles, realizador, produtor, escritor, voz e criador da “A Guerra dos Mundos”, está sentado numa poltrona no seu “The Orson Welles Show”. Ar sisudo, penetrante, apresenta dois homens, escondidos, com duas marionetas à frente. Um deles é Jim Henson, longos cabelos e barba castanhos, a quem o autor de “Citizen Kane” faz um estrondoso elogio. “O mestre das marionetas, só há uma palavra para o descrever: génio.” Ao elogio, responde-se sem jeito, com um ar envergonhado. É estranho perceber que da cabeça daquele homem franzino saíram as icónicas personagens do “The Muppet Show” — “Os Marretas”, em português — ou de “Rua Sésamo”, um dos programas infantis mais rentáveis e bem sucedidos do mundo. Ou não. Foi essa a missão de outro realizador, Ron Howard, que quis mostrar com o novo documentário da Disney+, estreado em Cannes este ano, “Jim Henson: Ideia Man”, o génio daquele homem bom, envergonhado, com uma vontade enorme de criar, através de material de arquivo e entrevistas aos seus mais íntimos colaboradores e à sua família. Uma ideia atrás da outra, parar não é permitido. Este foi o lema de Henson até morrer, inesperadamente, aos 53 anos.
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