Artigo publicado originalmente a 29 de janeiro de 2025
À medida que o tempo passa desde a estreia de “A Semente do Figo Sagrado” em Cannes, mais difícil se torna escrever sobre este filme sem assinalar a figura de Mahsa Amini, a rapariga curdo-iraniana que a “polícia da moralidade” espancou em Teerão, em setembro de 2022, alegadamente por desrespeitar o uso obrigatório do hijab, o véu que a sharia, a lei islâmica, impõe às mulheres iranianas. Amini, que morreria no hospital três dias depois em consequência da agressão, tornou-se o símbolo de uma martirologia que este filme não professa. Contudo, é em interpostas personagens de jovens mulheres da geração de Amini que Mohammad Rasoulof deposita a sua rebeldia. A essa geração de mulheres dará o cineasta persa um ponto de vista oposto às regras do Estado e aos homens que o país endoutrina.
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