Estava nervoso. Desta vez, não era a ansiedade social a dar sinais de si, mas um problema com o visto. Voava para Los Angeles em menos de 48 horas e a passagem não estava ainda assegurada. Como se não bastasse, cai-lhe a notícia de que seriam cerca de 40 minutos de conversa. Arregala instintivamente os olhos, como se lhe fosse dar a solução das contas que fazia ao tempo. Mas matemática continua a não ser o seu forte. À meia-noite fazia 27 anos e tinha mesa marcada num restaurante com os amigos. O sol já se tinha posto na cidade do Porto, mas as luzes circulares iluminavam a Sala 1 do Cinema Batalha. De todas as cadeiras azuis, identificadas com números bordados a branco, escolheu sentar-se na fila da frente, no bordado seis. A conversa, essa acabou por ser um pouco maior. O tempo é o da curta-metragem, como aquela que o levará aos Óscares deste ano, na noite de 12 para 13 de março. “Ice Merchants” é o primeiro título português nomeado pela Academia.
Começando pelo fim, ou pelo que é mais recente — porque os fins representam quase sempre o início de uma outra coisa —, “Ice Merchants” é o início do quê?
Não sei. Espero que seja o início de mais filmes, acima de tudo. Mas espero que a minha vida não mude radicalmente depois disto, gosto de como está agora. O que eu quero é continuar a subsistir a fazer filmes. Se isto ajudar a que isso aconteça, fico muito feliz.
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