“Faz tempo que você não filmava no Ceará...”, perguntámos há dias no Porto a Karim Aïnouz, na antestreia lusa de “Motel Destino” (no ecrã do Cinema Trindade), antes da chegada do filme ao resto do país. “Dez anos, cara.” De facto, o cineasta de Fortaleza, capital daquele Estado brasileiro, levou todo este tempo a pôr de novo uma câmara de cinema na sua terra natal. “Motel Destino” é um ponto de inflexão acentuado na obra de Karim sob vários aspetos, que não podemos elencar na totalidade. Mas deixamos alguns, apesar de tudo. 1) É um regresso a casa do mais internacional dos cineastas brasileiros da atualidade, que na última década rodou na Alemanha, na Argélia e vinha da experiência de um filme de época anglo-saxónico, “Firebrand” (ainda está por estrear cá), rodado no Reino Unido, com Alicia Vikander na pele de Catarina Parr, a sexta (e última) mulher de Henrique VIII. 2) É uma entrada descarada no melodrama, género – admita-se - a que Karim já havia feito a corte noutras obras, mas nunca desta forma, a deixar convite explícito à faca e ao alguidar - “Motel Destino” é um filme sujo, com vontade de erotizar essa sujidade.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt