Cultura

Tolentino é “um homem de diálogo", disse Marcelo. E entregou-lhe o Prémio Pessoa e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada

 O cardeal Tolentino Mendonça recebe o Prémio Pessoa 2023
O cardeal Tolentino Mendonça recebe o Prémio Pessoa 2023
Antonio Pedro FERREIRA

A cerimónia de entrega do Prémio Pessoa, que decorreu esta quarta-feira na sede da Caixa Geral de Depósitos, teve como sempre direito ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa e à presença de vários ministros do Governo

José Tolentino de Mendonça chegou, e logo os microfones o rodearam. Estava-se à entrada da Caixa Geral de Depósitos, onde iria decorrer a cerimónia de entrega do Prémio Pessoa, atribuído ao poeta e cardeal em 2023. Nova rotina à chegada de Marcelo Rebelo de Sousa. Antes dele já tinham entrado no recinto Rita Júdice, ministra da Justiça, Ana Paula Martins, titular da pasta da Saúde, Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros e D. Rui Valério, patriarca de Lisboa.

Seria lá dentro que se ouviriam várias vozes, num palco rodeado de mesas já prontas para o jantar que viria a seguir aos discursos. É o primeiro ano em que se põe em prática esta modalidade de evento-jantar, que substitui a até agora habitual presença dos oradores e entrega do prémio no palco da Culturgest. À intervenção do CEO da CGD, Paulo Macedo, que agradeceu Tolentino por “querer escutar”, seguiu-se a do CEO da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, que “não poderia ter ficado mais satisfeito” pelo júri do Prémio Pessoa ter distinguido Tolentino, algo que considerou ser “da mais elementar justiça” e que apenas pecou “por tardio”.

Para Francisco Pedro Balsemão, “Tolentino de Mendonça é imprescindível”, ligando “o mundano ao transcendente e a cultura à religião”, e ensinando “que o conteúdo é tão importante como a forma”. “A sua vida foi e será extraordinária, e a sua sede deverá inspirar-nos a todos”, concluiu, cedendo a palavra a Marcelo Rebelo de Sousa, que começou logo por recordar como este prémio “é muito o retrato de Francisco Pinto Balsemão”, o seu fundador.

“Nos últimos anos, saudei o percurso do poeta e escritores José Tolentino de Mendonça, do cardeal José Tolentino de Mendonça. Não sendo um político eleito nem uma estrela mediática, atingiu outro patamar de relevância”, disse o Presidente, notando que “os portugueses o veem como pertencendo a duas categorias que [o poeta] T.S. Eliot definiu como a tradição e o talento individual”. Sendo Tolentino “um homem de diálogo, em lugares onde se imagina que a igreja ou o clero não têm jurisdição”, a sua singularidade “está na presença de um princípio poético, um certo propósito, um certo tom, afeto ou afeição que encontramos nas crónicas como nas homilias, nos diálogos como nos discursos. O princípio de um humanismo transfigurado atento aos detalhes e à vida concreta de todos”, rematou Marcelo, que sem aviso prévio condecorou o cardeal com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

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