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Toda a história da canção de Fernando Tordo e Ary dos Santos que toureou a censura

Toda a história da canção de Fernando Tordo e Ary dos Santos que toureou a censura

Passam 50 anos sobre a noite em que a ‘Tourada’, de Fernando Tordo e Ary dos Santos, fez história, revelando uma sátira à sociedade com um vocabulário inesperado que o regime deixou passar

Oprograma tinha começado na noite de segunda-feira, dia 26 de fevereiro. Mas a emissão já galgara as duas primeiras horas da madrugada e entrado por terça-feira adentro quando, após renhida votação, a pontuação final não deixou mais dúvidas. A vitória do X Grande Prémio TV da Canção cabia a ‘Tourada’, de Fernando Tordo, deixando a apenas quatro pontos de distância ‘É Por Isso Que Eu Vivo’, de Paco Bandeira, canção que partilhava com a vencedora o facto de ter letra de José Carlos Ary dos Santos. Houve palmas e pateada. De casaco vermelho e calças pretas (detalhes que o preto e branco da emissão televisiva na altura não podia revelar) Fernando Tordo entrou no palco do Teatro Maria Matos aparentemente a coxear. Artur Agostinho, que dividia com Alice Cruz a apresentação, lançou um olhar ao vencedor... O que se passava?

Fernando Tordo não tinha assistido à votação, optando por ficar no bar do Hotel Lutécia, ali ao lado. Ao saber do triunfo correu escadas abaixo, saltando um volume substancial de degraus até ao patamar inferior, partindo então o salto de um dos sapatos. Sem salto, mas com um prémio nas mãos, Fernando Tordo sorriu então para as câmaras, abraçou o amigo letrista e, já depois do fim do programa, explicaria a Alice Cruz que não tinha criado uma canção a pensar no júri, mas em todos os que a poderiam escutar. A ‘Tourada’ acabara de conquistar um passaporte para representar Portugal na Eurovisão. E logo nessa mesma noite, certamente, muitos terão dado por si a pensar: então como é que esta canção, carregada de metáforas e desenhada em clima de sátira, passou o crivo da censura?

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