Cultura

Morreu Hilary Mantel, a autora da trilogia sobre Thomas Cromwell que ganhou dois Booker Prize

Hilary Mantel
Hilary Mantel
David Levenson/Getty Images

Passou 20 anos a pesquisar e a escrever sobre a dinastia dos Tudors mas era uma mulher deste tempo, uma das mais importantes escritoras inglesas do século XXI

Tinha 70 anos a autora que ousou, durante 20, dissecar literariamente a dinastia dos Tudors e escrever sobre a figura de Thomas Cromwell, secretário e homem de confiança de Henrique VIII. Hilary Mantel, que além desses três — em Portugal editados pela Presença — escreveu outros nove romances e é considerada uma das grandes escritoras inglesas deste século, “morreu de repente, mas pacificamente, rodeada pela família mais próxima e amigos”, comunicou esta sexta-feira a editora HarperCollins.

Nascida em Glossop, Inglaterra, a 6 de julho de 1952, a mais velha de três irmãs, Dame Hilary Mantel formou-se em Direito na Universidade de Sheffield e chegou a trabalhar alguns anos como assistente social. Com o marido, o geólogo Gerald McEwen, viveu no Botswana e na Arábia Saudita, regressando ao Reino Unido nos anos 1980.

Uma das poucas romancistas a vencer por duas vezes o Booker Prize — com os dois primeiros volumes da trilogia, “Wolf Hall” e “O Livro Negro” —, o seu percurso na literatura começou em 1985 e, além dos romances, publicou vários volumes de contos e memórias. A sofrer de endometriose desde os 20 anos, foi diagnosticada durante anos de mal psiquiátrico e severamente medicada, o que lhe provocou grandes mudanças físicas. Desde então, tem vindo a público falar sobre esta doença e sobre a visão que a sociedade tem do corpo feminino.

O seu último romance publicado foi o último da trilogia, “O Espelho e a Luz”, que chegou a integrar a longlist do Booker em 2020. Ao Expresso, numa longa entrevista exclusiva feita nesse ano, disse: “O silêncio e a quietude são inalienáveis. E muitas vezes sinto que a escrita é uma forma avançada de silêncio. Podemos perder-nos deliberadamente num amontoado de palavras. Podemos evadir-nos de definições ao longo de toda a vida. Eu chamaria a isso ‘sucesso’.”

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