Morreu o realizador Jean-Luc Godard
O cineasta francês faleceu esta terça-feira, aos 91 anos, com recurso a morte assistida. Foi um dos pioneiros do movimento Nouvelle Vague, dono de um estilo iconoclasta e aparentemente improvisado
“O seu cinema é a saturação de signos magníficos que se banham na luz da sua falta de explicação”: assim descreveu Manoel de Oliveira o estilo do realizador franco-suíço Jean-Luc Godard, um dos nomes mais proeminentes do movimento Nouvelle Vague. O cineasta faleceu esta terça-feira, aos 91 anos, em Rolle, na Suíça, com recurso a morte assistida, avança o “Libération”.
A eutanásia é uma prática legal na Suíça e a família de Jean-Luc Godard anunciou que o realizador “morreu pacificamente em casa, rodeado pelos seus entes queridos”. De acordo com a esposa, Anne-Marie Miéville, Godard “não estava doente, estava simplesmente exausto”.
Nascido a 3 de dezembro de 1930, em Paris, Godard cresceu e estudou em Nyon, na Suíça. Regressou à capital francesa em 1949, onde começou a frequentar os cineclubes parisienses.
Privou com figuras como o crítico André Bazin e com realizadores como François Truffaut, Claude Chabrol e Jacques Rivette.
Juntamente com Truffaut, Rivette e Eric Rohmer fundou a revista “La Gazette du Cinéma” e começou a carreira como crítico na famosa revista “Cahiers du Cinéma”.
Deu os primeiros passos como realizador em 1954, quando dirigiu a sua primeira curta-metragem, intitulada “Operation Beton”.
Cinco anos mais tarde, em 1959, realizou o filme “Acossado”, aclamado pela crítica e pelo público, marcando o início de uma notável carreira, onde revolucionou a forma narrativa do cinema.
Conhecido pelo seu estilo iconoclasta e aparentemente improvisado, em oposição à “tradição de qualidade” do cinema francês, a filmografia de Godard evidenciava um radicalismo inflexível e cada vez mais politizado, sobretudo a partir da década de 1960.
Ao longo da carreira acumulou vários prémios, tais como um Óscar Honorário pelo conjunto da sua obra em 2010, um Urso de Ouro no Festival de Berlim em 1965, ou um Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1983.
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