
A chegada de “Cantares do Andarilho” às plataformas de streaming abre uma campanha de reedições dos álbuns de José Afonso lançados entre 1968 e 1981. Este processo envolve ainda reedições em vinil e CD
A chegada de “Cantares do Andarilho” às plataformas de streaming abre uma campanha de reedições dos álbuns de José Afonso lançados entre 1968 e 1981. Este processo envolve ainda reedições em vinil e CD
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Originalmente lançado em 1968, “Cantares do Andarilho” representou o final de um hiato que José Afonso vivera após a sucessão de discos que tinham definido um primeiro ciclo entre 1953 e 1964, no qual deu fôlego à procura de um novo caminho para uma voz nascida na canção de Coimbra. Depois de uma etapa sobretudo dedicada ao ensino, durante a qual viveu algum tempo em Moçambique, José Afonso voltava a fixar em disco as suas canções. Entre os míticos EP, que tinham revelado ‘Balada do Outono’, depois ‘Os Vampiros’ e ‘Menino do Bairro Negro’, assim como no álbum de estreia “Baladas e Canções” (1964), escutavam-se horizontes que iam já além das raízes coimbrãs. Mas foi com “Cantares do Andarilho”, que se iniciou um percurso mais intenso de desafios na palavra e na música, marcado também por uma maior regularidade editorial. E é precisamente com a edição em suporte digital deste álbum que agora arranca uma campanha de reedições que, aos poucos, não só levará às plataformas de streaming, mas também a novos lançamentos nos suportes físicos de LP e CD, os discos que José Afonso lançou pela editora Orfeu entre 1968 e 1981.
Há já algum tempo que era praticamente impossível encontrar estes álbuns nas lojas, exceção feita para as que se dedicam ao colecionismo e ao mercado de segunda mão. A Movieplay, que tinha assegurado em 1987 as primeiras edições em CD da etapa da discografia de José Afonso originalmente lançada pela Orfeu, entrou na década passada num processo de insolvência. Os seus herdeiros iniciaram, entretanto, um processo que os conduziu a um novo licenciamento que agora se materializa nesta campanha de reedições. E é assim que o editor Nuno Saraiva entra em cena. “Foi o Alain Vachier quem me apresentou à Zélia e ao Pedro”, respetivamente a viúva e um dos filhos do José Afonso. “E houve um diálogo de dois anos e meio com a família que nos levou à celebração do contrato de licenciamento dos 11 masters”, explica ao Expresso, acrescentando que, “na altura”, não considerou os outros títulos da discografia, pelo que “para já o que temos na mesa” é a obra de 1968 a 1981.
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