João Cutileiro era "um homem com uma grande personalidade e um poder criativo muito grande, trabalhando sempre como um operário". Assim o descreve José de Guimarães na hora da sua homenagem. O artista recordou ainda que o escultor se dedicou não só às obras de ateliê, que todos os artistas fazem, por vezes de pequenas dimensões, mas também às obras públicas, à estatuária pública, na qual foi "inovador e polémico".
O artista plástico recordou também que o escultor se dedicou não só às obras de ateliê, que todos os artistas fazem, por vezes de pequenas dimensões, mas também às obras públicas, à estatuária pública, na qual foi "inovador e polémico".
Para Rui Chafes, a obra de João Cutileiro representou "uma quebra significativa em relação ao que havia antes e depois" na escultura em Portugal. "Na verdade existe um antes e um depois do João Cutileiro na escultura nacional", sublinhou o escultor que foi Prémio Pessoa em 2015.
João Cutileiro "é um nome incontornável, e um pioneiro e um exemplo para muitos escultores mais novos do que ele e que ele teve a generosidade de apoiar e de proporcionar condições de trabalho", frisou. Chafes considera também que o escultor falecido esta terça-feira é um nome "incontornável" da arte nacional, João Cutileiro foi "um inovador e um precursor exemplar e corajoso".
Para Rui Chafes, o autor do Monumento do 25 de Abril de 1974, localizado no cimo do Parque Eduardo VII, em Lisboa, é "uma personagem histórica e quase heroica da renovação da escultura em Portugal".
"É uma obra grande, que fica difícil de resumir em poucas frases", frisou, por seu lado, o artista plástico José Pedro Croft, realçando a "enorme vitalidade e a enorme vontade de viver" de João Cutileiro.
Croft recordou ainda que Cutileiro começou nos anos 1950, numa altura em que "a escultura estava muito dependente das encomendas da estatuária".
"O João seguiu um caminho de autonomia, de liberdade, de autossuficiência, de não ter nenhuma dependência em relação aos poderes para fazer exatamente aquilo que queria fazer", afirmou. "Quando o conheci, no final dos anos 1970 funcionava como uma bússola, uma pessoa que direcionada e, ao mesmo tempo, era um amigo que funcionava como âncora, que também nos dava chão e também nos recebia de braços abertos quando tínhamos problemas. Foi uma relação de grande privilégio e que guardarei para sempre", acrescentou.
Já o ensaísta e curador Delfim Sardo enalteceu João Cutileiro como tendo sido um "escultor fundamental na arte portuguesa da segunda metade do século XX" e uma influência mobilizadora para uma nova geração de artistas. A sua morte representa "uma grande perda" e "não há volta a dar ao assunto", frisou.
Exemplo de "profissionalismo e de inovação", com uma grande importância no panorama da escultura portuguesa sobretudo nos anos de 1970 e 1980, o trabalho de João Cutileiro significou também "um grande salto naquilo que se chama a escultura", referiu.
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