Cultura

A arte e o engenho da NBCUniversal para cativar espectadores

A série “This Is Us” vai poder ser (re)vista na NBCUniversal
A série “This Is Us” vai poder ser (re)vista na NBCUniversal

Sujeita a forte pressão concorrencial, a NBCUniversal prepara-se para usar o streaming como ferramenta promocional e de marketing para incrementar o contacto dos espectadores com os seus conteúdos, na expectativa de fazer crescer o consumo e criar uma relação mais duradoura

Luís Proença

Streaming para que te quero. Sujeita à forte pressão concorrencial, a NBCUniversal (NBCU) pode estar à beirinha de vir a explorar uma nova via da televisão não-linear por internet e a dar-lhe um uso, pelo menos inusitado: “pagar para ver”. No essencial é uma ideia simples e com propósitos claros. Através do novo serviço que alegadamente se vai chamar “Watch Back”, os espectadores passam a ter acesso gratuito a uma seleção de conteúdos televisivos dos canais lineares da NBCU (NBC, USA, Bravo, etc.) e de outros conteúdos vídeo não exclusivos digitalmente distribuídos, nomeadamente através do YouTube.

Até aqui nada de novo. Porém, em contrapartida, os espectadores participantes recebem pontos que são convertíveis em certificados que darão acesso, por exemplo, a outros conteúdos, esses sim exclusivos. Trata-se, portanto, do recurso ao streaming como ferramenta promocional e de marketing com o fim último de incrementar o contacto dos públicos com os conteúdos da NBCU, na expectativa de fazer crescer o consumo e criar uma relação mais duradoura.

O “Watch Back” vai permitir ver (ou rever) os episódios de duas séries de sucesso: “This Is Us” e “Donas de Casa Desesperadas”. Ainda sem data oficial de lançamento, especula-se que venha a estar disponível quando chegar o próximo outono. Às primeiras notícias, houve quem chegasse a colocar a hipótese de podermos estar perante o surgimento da plataforma de OTT TV (“Over the Top TV”) da NBCU, em resposta à concorrência direta da CBS All Acess e da HBO Now (no mercado televisivo norte-americano).

‘Disney Play’ avança a todo o vapor

Como se já não bastassem os maiorais do streaming – Netflix e Amazon Prime maduramente instalados no mercado norte-americano e em expansão contínua à volta do mundo –, o investimento dos grandes canais e estúdios persiste em crescer a olhos vistos. Por entre a fileira dos concorrentes tradicionais e de sempre da NBCU, a cada semana que passa aumenta a expectativa sobre o lançamento da plataforma de conteúdos não-lineares da Disney apontada para dentro de um ano e pouco, assim que terminar o contrato de licenciamento em vigor com a Netflix, até ao final de 2019.

A ‘Disney Play’ vai exibir a primeira série televisiva da “Guerra das Estrelas”, atualmente em produção

A Disney está a trabalhar nas muitas frentes da sua futura menina dos olhos. Na mais recente apresentação de contas, Bob Iger, o CEO da companhia, fez questão de reforçar a evidência do investimento que estão a fazer para alimentar a nova estratégia de conteúdos diretos ao consumidor que prossegue “a todo o vapor”, a que chamou publicamente ‘Disney Play’. A solução tecnológica para motorizar o futuro serviço de OTT TV “rápida e eficientemente” está em desenvolvimento a cargo da BAMTech, a empresa adquirida para o efeito no ano passado. Quanto ao catálogo, Iger explicou que a Disney pretende começar “a caminhar antes de entrar em correrias”.

A ‘Disney Play’ não terá o volume de títulos da Netflix, nem de perto. O preço da subscrição será, portanto, menor e refletirá a diferença comparativa de volume de conteúdos disponíveis. A Disney far-se-á valer da força das marcas e dos títulos, designadamente da agregação da rica carteira da 21st Century Fox. Quando a ‘Disney Play’ chegar a ver a luz do dia, já é seguro que o “display” da aplicação vai evidenciar a primeira série televisiva da “Guerra das Estrelas”, atualmente em produção e pelo que se vai dizendo com um custo de perto de 88 milhões de euros para dez episódios.

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