O coração da velha Lisboa começou a vibrar logo a meio da tarde deste domingo. Poucos eram, porém, os portugueses que subiam e desciam a Rua do Carmo, no primeiro dia da primeira fase do desconfinamento de 2021. Alguns vendedores, como João, artista gráfico, 49 anos, ex-aluno de Belas Artes, congratulavam-se com a energia que se voltava a sentir nesta artéria pedonal de Lisboa. Do ponto de vista das vendas o dia não lhe estava a correr mal, confessava o artista, poucos minutos antes do casal de namorados Maria e José Miguel saírem dos Armazéns do Chiado, com um ar feliz e nas mãos as compras acabadas de fazer. Um livro, no caso dele; um saquinho de papel de uma conhecida loja de roupas, no caso dela. “É bom sentir este ar”, confessava José Miguel, que tal como Maria já era alfacinha há mais de cinco décadas. O entusiasmo dos três era, porém, cauteloso. “No ano passado, por esta altura, também achámos que isto já não voltava para trás”, lembrava Maria. A maioria dos que subiam e desciam em direção ao Chiado eram estrangeiros de férias. Um pouco acima na famosa Brasileira nenhum dos empregados se surpreendia com o movimento na pastelaria, habituado a ter a esplanada cheia de turistas, “há pelo menos duas semanas.”
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cmargato@expresso.impresa.pt