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Coronavírus

Novos confinamentos à vista? Especialistas dizem que vai ser “muito difícil” conter aumento de casos em Lisboa

Novos confinamentos à vista? Especialistas dizem que vai ser “muito difícil” conter aumento de casos em Lisboa
TIAGO MIRANDA

O aumento dos internamentos e das mortes por covid-19 não é atualmente o maior dos riscos, mas deixar aumentar os casos tem outras consequências, alertam os especialistas ouvidos pelo Expresso. E se um novo confinamento geral parece afastado, ao endurecimento das medidas locais não parece possível fugir. Em Lisboa os números são preocupantes desde há um mês, lembra o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que ressalva que "o impacto já é visível nos hospitais". E há ainda a variante Delta a ter em conta, bem como o facto de a eficácia das vacinas ser inferior ao previsto, obrigando a que seja inoculada 90 ou 95% da população para se chegar à imunidade de grupo

Novos confinamentos à vista? Especialistas dizem que vai ser “muito difícil” conter aumento de casos em Lisboa

Mafalda Ganhão

Jornalista

Com mais de 240 casos de contágio por 100 mil habitantes, o concelho de Lisboa está já na zona de alerta que torna iminente um recuo nas medidas de desconfinamento, admitiu esta segunda-feira Duarte Cordeiro, coordenador do Governo para a covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo. Perante os dados disponíveis, o passo atrás parece inevitável, concordam diferentes especialistas, com os modelos matemáticos a traduzir uma nova realidade no mapa epidemiológico nacional: o aumento das mortes e dos internamentos não é o maior dos riscos, considera o matemático Óscar Felgueiras, mas há particularidades locais e, olhando sobretuudo para a zona da capital, “no curto prazo vai ser difícil conter esta subida sustentada de casos”.

“O que vemos é uma situação de grande assimetria no país”, continua o docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) chamado a colaborar com a ARS Norte: “Vemos Lisboa e Vale do Tejo com um índice de transmissibilidade de 1,15, enquanto no Norte está abaixo de 1, havendo assimetrias também no que se refere às faixas etárias. Em Lisboa o número de casos entre as pessoas mais velhas não chega a 100, mas está bem acima dos 600 entre o grupo dos 20-29 anos, começando a ser difícil controlar os contágios neste último estrato”.

No fundo, conclui o especialista, “este grupo arrisca ser uma espécie de reservatório, que pode alimentar um aumento contínuo de contágios”.

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