Coronavírus

Sim aos corticóides, não aos antivirais. O que diz o novo estudo sobre medicamentos que combatem a covid-19

Sim aos corticóides, não aos antivirais. O que diz o novo estudo sobre medicamentos que combatem a covid-19
SERGEI CHIRIKOV

Os antivirais “parecem não funcionar” para combater o novo coronavírus vírus, relata um estudo da Sociedade Espanhola de Farmácia Hospitalar. Pelo contrário, os corticóides administrados aos doentes a partir da primeira semana de internamento, reduzem a mortalidade até 50%

Sim aos corticóides, não aos antivirais. O que diz o novo estudo sobre medicamentos que combatem a covid-19

Joana Ascensão

Jornalista

A lógica diz que os medicamentos antivirais - usados para combater vírus - poderiam ser eficazes no combate ao novo coronavírus. No entanto, um estudo levado a cabo pela Sociedade Espanhola de Farmácia Hospitalar (SEFH), e enviado para publicação na revista científica Annals of Internal Medicine, vem contrariar o que o senso comum poderia tentar impor: que seriam estes os medicamentos mais eficazes no combate ao novo coronavírus.

Os resultados sobre os dois antivirais estudados, lopinavir e ritonavir, usados contra o HIV e que não figuram na lista de medicamentoa a administrar pelo país, relatam evidências de que não contribuem para reduzir a mortalidade em doentes internados. Por outro lado, o uso de corticóides - grupo de medicamentos frequentemente usados como parte do tratamento de doenças de origem inflamatória, alérgica e imunológica -, a partir da primeira semana de hospitalização, reduz até 50% a mortalidade pela infeção provocada por covid-19.

O trabalho compila dados recolhidos de 174 hospitais e acompanhou a evolução de 5.386 pacientes que completaram seu tratamento, e conclui que dos pacientes a necessitarem de hospitalização, a mortalidade após 28 dias era de 17,8%, refere o jornal espanhol El Pais.

Anticoagulantes e a hidroxicloroquina também resultam

No mesmo estudo, foi concluído que utilizar heparina, um medicamente anticoagulante, poderá diminuir em cerca de 30% a mortalidade por covid-19, já que um dos efeitos da infeção é a criação de tromboses. Entre as conclusões do estudo está também que a hidroxicloroquina - antinflamatório descartado pela Organização Mundial de Sáude, tem um efeito protetor contra a doença se for utilizada em dosagens bastante mais pequenas do que aquelas com que foi estudada previamente, em que "administravam ao paciente 9,6 gramas durante dez dias, enquanto que a média na Espanha foi de 3,6 gramas em sete dias”, afirma Jesús Sierra, coordenador do Cadastro Espanhol de Resultados da Farmacoterapia contra a covid-19 da SEFH.

Também estudado foi o antibiótico azitromicina que, diz o SEFH, também parece não oferecer benefícios. No princípio da epidemia, foram usados muitos antibióticos para evitar pneumonias secundárias por bactérias, mas com o tempo foram sendo retirados pela própria OMS.

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