Sem poder fazer os seus habituais comícios quase todas as semanas como se todas fossem vésperas de eleições, Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, encontrou uma forma de chegar a muitos americanos - e a muitos americanos em dificuldades, que lhe vão ficar agradecidos para sempre: vai ter o seu nome impresso nos cheques de ajuda financeira que o Tesouro está a preparar-se para enviar a milhões de cidadãos, entre 70 a 80 milhões mais precisamente.
A história inundou as redes sociais na noite de terça-feira, já madrugada em Portugal, isto porque a impressão da assinatura de Trump é uma quebra de protocolo nunca vista - os cheques deste tipo costumam seguir com o nome da pessoa que, dentro do Departamento de Finanças e Impostos, processa e autoriza o montante - e por isso este dinheiro pode demorar mais tempo a chegar às pessoas que perderam as suas principais formas de rendimento, isto mesmo depois de ter sido assumido pela administração que estes cheques só vão chegar a algumas pessoas em setembro. Em apenas duas semanas mais de 10 milhões de norte-americanos pediram acesso ao subsídio de desemprego um número que ultrapassa em mais de nove milhões o recorde anterior (1982).
Apesar das suspeitas de alguns especialistas no sector e ex-funcionários que falaram com o “Washington Post”, o Tesouro nega totalmente que esta exigência do Presidente venha atrasar a entrega do dinheiro. "Os cheques para fazer frente ao impacto económico [da crise] estão programados para sair no prazo planeado - não há absolutamente nenhum atraso", disse um porta-voz do Tesouro, em comunicado, ao mesmo jornal. Já Chad Cooper, presidente da Associação Nacional de Gestores de Impostos e Finanças, disse que “qualquer solicitação de última hora como esta vai criar um problema na última fase do processo, o que resultará num atraso".
O acordo ficou fechado na segunda-feira e em breve 70 milhões de norte-americanos vão receber os seus cheques de 1200 dólares com o nome “President Donald J. Trump” na parte esquerda do cheque. É a primeira vez que isso acontece em qualquer tipo de ajuda do Estado: tanto as que são mensais como as esporádicas, emitidas em alturas de catástrofe como durante a crise de 2008, por George Bush.
Os críticos dizem que Trump está a usar politicamente um departamento presente na vida de todos os norte-americanos, tratando o Tesouro como se fosse uma instituição que muda de cor política com as eleições. “Os impostos são um assunto apolítico, é simples”, disse ao “Post” Nina Olson, responsável durante 18 anos por um braço das Finanças que ajuda os cidadãos a resolver dúvidas sobre os seus formulários de impostos, que se demitiu recentemente.
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