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Covid-19. Sem comícios mas em campanha. Trump vai assinar os cheques de apoio financeiro enviados a 70 milhões de americanos

Covid-19. Sem comícios mas em campanha. Trump vai assinar os cheques de apoio financeiro enviados a 70 milhões de americanos
BRENDAN SMIALOWSKI

Cerca de 70 milhões de norte-americanos vão receber do Governo uma ajuda direta de 1200 dólares para fazer face às necessidades mais urgentes, como comida e habitação. Já houve outras alturas em que o impacto financeiro de uma crise justificou, nos Estados Unidos, a emissão destes cheques mas nunca nenhum Presidente decidiu assiná-los pessoalmente

Covid-19. Sem comícios mas em campanha. Trump vai assinar os cheques de apoio financeiro enviados a 70 milhões de americanos

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Sem poder fazer os seus habituais comícios quase todas as semanas como se todas fossem vésperas de eleições, Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, encontrou uma forma de chegar a muitos americanos - e a muitos americanos em dificuldades, que lhe vão ficar agradecidos para sempre: vai ter o seu nome impresso nos cheques de ajuda financeira que o Tesouro está a preparar-se para enviar a milhões de cidadãos, entre 70 a 80 milhões mais precisamente.

A história inundou as redes sociais na noite de terça-feira, já madrugada em Portugal, isto porque a impressão da assinatura de Trump é uma quebra de protocolo nunca vista - os cheques deste tipo costumam seguir com o nome da pessoa que, dentro do Departamento de Finanças e Impostos, processa e autoriza o montante - e por isso este dinheiro pode demorar mais tempo a chegar às pessoas que perderam as suas principais formas de rendimento, isto mesmo depois de ter sido assumido pela administração que estes cheques só vão chegar a algumas pessoas em setembro. Em apenas duas semanas mais de 10 milhões de norte-americanos pediram acesso ao subsídio de desemprego um número que ultrapassa em mais de nove milhões o recorde anterior (1982).

Apesar das suspeitas de alguns especialistas no sector e ex-funcionários que falaram com o “Washington Post”, o Tesouro nega totalmente que esta exigência do Presidente venha atrasar a entrega do dinheiro. "Os cheques para fazer frente ao impacto económico [da crise] estão programados para sair no prazo planeado - não há absolutamente nenhum atraso", disse um porta-voz do Tesouro, em comunicado, ao mesmo jornal. Já Chad Cooper, presidente da Associação Nacional de Gestores de Impostos e Finanças, disse que “qualquer solicitação de última hora como esta vai criar um problema na última fase do processo, o que resultará num atraso".

O acordo ficou fechado na segunda-feira e em breve 70 milhões de norte-americanos vão receber os seus cheques de 1200 dólares com o nome “President Donald J. Trump” na parte esquerda do cheque. É a primeira vez que isso acontece em qualquer tipo de ajuda do Estado: tanto as que são mensais como as esporádicas, emitidas em alturas de catástrofe como durante a crise de 2008, por George Bush.

Os críticos dizem que Trump está a usar politicamente um departamento presente na vida de todos os norte-americanos, tratando o Tesouro como se fosse uma instituição que muda de cor política com as eleições. “Os impostos são um assunto apolítico, é simples”, disse ao “Post” Nina Olson, responsável durante 18 anos por um braço das Finanças que ajuda os cidadãos a resolver dúvidas sobre os seus formulários de impostos, que se demitiu recentemente.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

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