Coronavírus

“Não há indicação das autoridades de saúde para um cerco sanitário no Porto. Medida não faz sentido”

Graça Freitas e Lacerda Sales à chegada da conferência de imprensa
Graça Freitas e Lacerda Sales à chegada da conferência de imprensa
ANTÓNIO COTRIM/ Lusa

Segundo António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, decisões como a de estabelecer cordões sanitários são “sustentadas na avaliação do risco feita pelas autoridades de saúde”. No caso concreto do Porto, essas autoridades “não deram qualquer indicação nesse sentido”

“Não há indicação das autoridades de saúde para um cerco sanitário no Porto. Medida não faz sentido”

Helena Bento

Jornalista

“Não há indicação por parte da autoridade da saúde para o cerco sanitário no Porto. Medida não faz qualquer sentido neste momento”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, em conferência de imprensa esta terça-feira.

António Lacerda Sales esclareceu que a “fixação de cercas sanitárias é antecedida de declarações de calamidade pública, que, de acordo com a Lei de Bases da Proteção Civil, é decidida, em situações normais, pelo Conselho de Ministros, e em situações de urgência por despacho do primeiro-ministro e ministro da Administração Interna”.

Normalmente, disse ainda, essas decisões são “sustentadas na avaliação do risco feita pelas autoridades de saúde” que, no caso concreto do Porto, não “deram qualquer indicação no sentido de ser necessário criar esses cordões sanitários”.

Avião com "100 toneladas" de material de proteção chega esta segunda-feira à noite

António Lacerda Sales, anunciou que um avião “com 100 toneladas de material de proteção” chega esta segunda-feira à noite ao Porto. Entre o material, encontram-se máscaras cirúrgicas (3,5 milhões), toucas (300 mil) e batas (100 mil), entre outros equipamentos. Estão a ser realizados em Portugal cerca de “7000 testes por dia”, disse também, o que mostra “o reforço da capacidade de testagem do país”. “Até agora estávamos a fazer cerca de 5600 testes diários, entretanto passámos para sete mil.” “A tendência é para haver um reforço ainda maior da capacidade de testagem.”

O secretário de Estado da Saúde confirmou que há uma reclusa infetada e dois funcionários de prisões, que "ficaram em isolamento assim que a doença foi detetada". Quis deixar claro que “estão já no terreno várias respostas do Governo, em articulação com as autarquias e as IPSS, para populações mais vulneráveis, incluindo sem-abrigo, reclusos, doentes crónicos e vítimas de violência doméstica”.

Lares e residências para idosos, acrescentou, “têm de continuar a reforçar os seus planos de contingência e a aplicá-los e a melhorá-los, já que sabemos que a letalidade entre mais velhos é bastante superior”.

Mas antes mesmo de falar sobre a situação nos lares e mesmo nas prisões, logo no início da conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde admitiu que o número de pessoas recuperadas tem alterado pouco, mas há uma explicação para isso.

“Em parte, deve-se ao facto de tratar-se de uma doença de convalescença lenta e também às notificações tardias, uma vez que a maior parte dos doentes trata-se no domicílio, o que pode originar um hiato em termos do conhecimento de casos de recuperação”, explicou, acrescentando que os doentes ficam “assintomáticos antes da cura mas demoram mais tempo até ter dois testes negativos”.

“Metodologia mista” na recolha de informação explica duplicação dos casos no Porto. Situação “já foi corrigida”

Também presente na conferência de imprensa desta terça-feira, Diogo Fonseca da Cruz, subdiretor-geral da Saúde, explicou o aumento para mais do dobro do número de casos de infeção no Porto (de 417 casos para 941)

À semelhança do que a própria Direção-Geral de Saúde tinha já explicado, ao "Jornal de Notícias", Diogo Fonseca da Cruz esclareceu que houve uma "duplicação dos casos no Porto", devido ao facto de haver uma metodologia mista na recolha da informação, com dados reportados tanto pelas administrações regionais de saúde como pela plataforma SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), na qual os médicos inserem dados sobre doentes.

Essa duplicação já terá sido corrigida, disse ainda Diogo Fonseca da Cruz, explicando que, a partir de agora, serão tidos em conta apenas os dados do SINAVE, "sistema utilizado para algumas doenças infecciosas que são consideradas de notificação obrigatória". "De cada vez que há suspeita de doença infecciosa, o clínico utiliza esse sistema para notificar as autoridades de saúde locais e regionais, de modo a estabelecer-se mecanismos de atuação." Este sistema "não avalia doentes nem faz o seguimento clínico destes doentes", explicou ainda o subdiretor-geral da Saúde, "é um sistema de notificação de casos suspeitos".

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