Graça Freitas , diretora-geral da Saúde, afirmou na conferência de imprensa desta sexta-feira que o pico da curva epidémica “nunca será atingido antes do mês de maio”. “À medida que retardamos a aceleração da curva, e é isso que tem acontecido, o pico vai diferindo no tempo”, explicou.
Graça Freitas esclareceu também que a taxa de letalidade da covid-19 em todas as idades é de 1,8% e que “mais de 80% das mortes são pessoas com mais de 70 anos”. Questionada, em concreto, sobre o número de idosos que estavam em lares e, entretanto, morreram, Graça Freitas afirmou serem “poucos”, mas apenas “porque o surto, nos lares, começou há pouco tempo”. “Poucos” são também os recuperados, admitiu,explicando que a recuperação é um processo muito longo, daí este número não ser ainda muito expressivo.
Sobre a discrepância que tem havido no número de casos de pessoas internadas (e não só) em termos locais e nacionais, explicou que isso deve-se à fonte da informação até agora recolhida. “Estávamos a calcular o número de internados com base na informação das administrações regionais de saúde mas ontem começámos a fazer a colheita da informação junto dos hospitais.”
“A covid-19 não protege as vítimas de violência doméstica, pelo contrário, torna-as mais expostas”
Também presente na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou a chegada a Portugal de “4,6 milhões de máscaras cirúrgicas”, bem como de outros equipamentos de proteção para os profissionais de saúde. Também saudou o reforço do Sistema Nacional de Saúde com “4500 médicos, que responderam ao apelo da Ordem dos Médicos” nesse sentido.
O secretário de Estado foi, aliás, o primeiro a falar na conferência e as suas primeiras palavras foram para as populações mais vulneráveis. “Não podemos esquecer-nos dos mais vulneráveis, como os sem-abrigo, reclusos, doentes crónicos e vítimas de violência doméstica, e estamos a trabalhar com associações da sociedade civil para dar resposta a essas pessoas”, afirmou. “Infelizmente, a covid-19 não protege estas vítimas de violência doméstica, pelo contrário, torna-as mais expostas”, disse também, explicando que “estão a ser tomadas medidas para que as vítimas de violência doméstica sejam testadas antes de entrarem em casas-abrigo”.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, vão ser “intensificados os testes a profissionais de saúde, profissionais de lares, forças de segurança e reclusos”. “Já estamos a reforçar o número de testes e vamos continuar a fazê-lo. Temos de garantir que quem cuida tem condições de segurança para o fazer.” Ainda segundo ele, foram testadas, só na quinta-feira, “2500 pessoas, para uma capacidade de testagem de cerca de 5600”. E, em breve, vão ser introduzidos em Portugal “novos tipos de teste”, não os chamados testes rápidos, mas outros, que vão permitir acelerar este tipo de procedimento.
Quais os planos do Governo para a saúde mental? Ainda não é claro. Questionado em concreto sobre isso, António Lacerda Sales limitou-se a reiterar que os planos que foram já ativados nas regiões norte e Alentejo vão ser estendidos às outras regiões do país. Não adiantou, contudo, qualquer informação sobre esses planos. Segundo o secretário de Estado, é “previsível um aumento da ansiedade, depressão, stress e medos nesta fase”, e também para isso servirá a linha SNS24, “que tem uma componente de apoio psicológico e social, ainda que limitada”, admitiu.
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