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Coronavírus

Covid-19. Pandemia leva fome e desespero às ruas de Lisboa

Covid-19. Pandemia leva fome e desespero às ruas de Lisboa
José Fernandes

A fome voltou às ruas de Lisboa. A ordem é para a população se fechar em casa. Os portugueses atenderam ao apelo das autoridades, mas fora de portas ficou muita gente. Invisíveis, inaudíveis, os sem abrigo estão assustados. Com restaurantes e cafés fechados, com empresas paradas, desapareceram os restos, as esmolas e as ajudas. A fome, não. E com ela, o desespero

Covid-19. Pandemia leva fome e desespero às ruas de Lisboa

Christiana Martins

Jornalista

Nuno Fraga, 49 anos, é voluntário da Comunidade Vida e Paz há 13 anos. De quinze em quinze dias, às noites de quinta-feira são dedicadas a levar alimentos aos sem abrigo de Lisboa. Esta semana, o que encontrou deixou-o mais do que preocupado, deixou-o triste. "O que vimos ontem foi fome. E esta situação ainda só começou há meia dúzia de dias", alerta.

"Já tive voltas muito 'duras', com situações complicadas. Já cheguei a um local, ao mesmo tempo que chegava o INEM e dizerem-me que alguém tinha falecido. Aquela pessoa, aquele amigo com quem, 15 dias antes, tínhamos estado a falar do Sporting, do Benfica, do Porto ou de qualquer outro tema. É muito dura a morte de uma pessoa, de um amigo, mas temos de nos recompor, pois, no ponto a seguir da volta, teremos uma pessoa a quem teremos de dar ânimo para o seu processo de mudança de vida."

Esta semana tudo foi ainda mais complicado e não foi necessária a morte de alguém para agravar a situação. "Paragem após paragem, os momentos eram sempre complicados", afirma Nuno Fraga. Explica que "até há uma semana, havia várias instituições na rua, apoiando as pessoas em situação de sem abrigo. Neste momento, apenas ficou a Comunidade Vida e Paz".
Além disso, os restaurantes e cafés encerraram. As empresas fecharam portas. A população refugiou-se nas suas casas, seguindo as orientações das autoridades e o instinto de autoproteção. Mas quando as portas e janelas se fecham, há sempre quem fique de fora. À espera de um olhar, de um gesto. Pode ser sob a forma de uma moeda, uma meia de leite, um donativo de um estabelecimento comercial. Mas, as ruas de Lisboa esvaziaram-se de gente e de apoio.

"A generosidade dos restaurantes e cafés ou de quem passava e que acabava por dar algo às pessoas - digo isso porque é importante reforçar que são pessoas como todos nós - levava a que quem está na rua acabasse por ir tendo ao longo do dia algo para comer". Nuno Fraga recorda ainda que, com os carros que iam arrumando, os sem abrigo recebiam algum dinheiro que lhes permitia comprar comida. Mas a realidade mudou em menos de uma semana, desde que os portugueses começaram a esconder-se da propagação do novo coronavírus. "Na zona Oriente, onde costumamos encontrar cerca de 20 pessoas, ontem tínhamos 60. Em Santa Apolónia, onde antes teríamos 15 a 20 pessoas, ontem foram seguramente mais de 40. A volta que vai ao Saldanha, onde geralmente encontramos 30, ontem eram 90." Foi assim, uma cidade com mais pessoas sem casa, expostas ao avanço do novo coronavírus e ao desamparo que os voluntários confrontaram-se com uma Lisboa diferente na noite da última quinta-feira.

Nuno Fraga acrescenta que um dos percursos teve mesmo de deixar vários pontos sem apoio por não terem mais refeições para distribuir. "A nossa volta acabou no Rossio, local que não é do nosso percurso mas a que fomos porque os voluntários que lá deviam ter ido já não tinham refeições para distribuir", avança Fraga, explicando ainda que todas as as carrinhas da Comunidade Vida e Paz tinham levado "muito mais ceias do que normalmente". Mesmo assim, o que levaram não chegou para todos.

José Fernandes

O pior no Rossio

A Baixa de Lisboa revelou então por completo a face de quem habitualmente não é visto. "Eram dezenas de pessoas. A emoção do momento e o que vivemos não me permite dizer ao certo quantas seriam. Mas seguramente, mais de 40. Vimos pessoas a correrem em desespero na direção da carrinha. Tivemos de pegar naquilo que seria a ceia para uma pessoa e dividir em três, para tentar chegar a todos. Pelo menos, tentar que todos levassem algo", partilha o voluntário.

No meio das dificuldades, Nuno Fraga sublinha que encontrou motivos de encorajamento. "Vi também outras quatro coisas. Civismo das pessoas, pois mesmo nos pontos de maior aglomeração, as coisas decorreram com serenidade e sempre procurando respeitar as distâncias que todos os dias ouvimos ser necessária. Solidariedade e uma grande partilha. Gratidão de pessoas que são geralmente gratas, mas que estavam ainda mais agradecidas estavam. E desespero: várias vezes ouvimos 'por favor não nos abandonem. Continuem a vir. Só já estão vocês a vir ter connosco'. E estas frases não não me saem da cabeça."

Por ter visto o que viu e ouvido o que ouviu, Nuno Fraga deu este depoimento ao Expresso. "Não nos esqueçamos que as pessoas em situação de sem abrigo não podem ficar recolhidas em casa, não podem encher a despensa de tudo, incluindo o famoso papel higiénico, não possuem facilidade de acesso ao álcool gel, máscaras, ou luvas. Por isso, peço que nesta fase em que todos estamos focados em minimizar o impacto que esta Covid-19 venha a ter, não nos esqueçamos também daquelas pessoas em situação de sem abrigo."

E para não serem apenas mensagens negativas, o voluntário aproveita a oportunidade para deixar um sinal otimista: "Os portugueses estão a ser muito respeitadores das regras implementadas. Quinta-feira à noite, entre as 20h30 e a 1h, enquanto fizemos volta, no máximo cruzámo-nos com 20 carros". Cruzaram-se os voluntários e os sem abrigo. E eram muitos para a propagação do vírus, mas poucos para ajudar a quem não tem.

Nota: Quem puder e quiser, pode deixar alimentos não perecíveis, sobretudo em embalagens individuais, na Comunidade Vida e Paz.

José Fernandes

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CAMartins@expresso.impresa.pt

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