Doce e fácil de descascar, a Castanha dos Soutos da Lapa DOP quer-se quente e boa
Proveniente de castanheiros antigos, alguns com mais de cem anos, a Castanha dos Soutos da Lapa DOP “é mais doce e descasca-se muito bem”. Os atributos são evidenciados por Daniel Azevedo, que há muito se dedica à produção deste fruto do castanheiro na sua propriedade localizada em Sernancelhe. “Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante
De acordo com a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), a Castanha dos Soutos da Lapa DOP é representada pela “Castanea sativa Mil, das variedades Longal e Martaínha”. Além de ser a variedade autóctone de Soutos da Lapa, nome atribuído “à zona da Beira Transmontana e da região dúrio-beiroa”, como consta na página do site da Confraria da Castanha, esta última é exclusiva da produção de Daniel Azevedo, na Quinta da Seara, localizada no concelho de Sernancelhe.
As características multiplicam-se “pelas cores castanha avermelhada e muito brilhante dos frutos da cv Longal e castanha clara com brilho médio dos frutos da cv Martaínha”, segundo a DGADR. “É mais doce e descasca-se muito bem”, salienta Daniel Azevedo, referindo-se à casca e à película denominadas, respetivamente, de “casaco” e “camisa”.
A Sernancelhe somam-se os concelhos de Armamar, Aguiar da Beira, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, São João da Pesqueira, Tabuaço, Tarouca e Trancoso, no que à delimitação da área geográfica de produção diz respeito.
Castanha dos Soutos da Lapa
Produção sem recurso a pesticidas
A produção da Castanha dos Soutos da Lapa DOP está enraizada na família de Daniel Azevedo, que, com o tempo, decidiu arrendar a exploração do pai. A pouco e pouco, reuniu pedaços de terra em redor, para aumentar a produção e a propriedade.
Atualmente, a Quinta da Seara tem 68 hectares, dos quais 22 estão ocupados por castanheiros, que distam dez metros entre si, como antigamente. A maioria é de sequeiro. “Os mais velhos têm mais de cem anos, outros têm entre 50 a 60 anos, mas a maioria ronda os 30, 35 anos”, contabiliza Daniel Azevedo. “A produção é praticamente biológica, porque não se aplicam pesticidas”, acrescenta. Apoiar a proteção do ambiente e a luta contra as alterações climáticas e contribuir para a consecução dos objetivos da união relacionados com o ambiente e o clima, bem como melhorar a posição dos agricultores na cadeia de valor são prioridades para o programa da PAC compreendido entre 2023 e 2027.
Castanha dos Soutos da Lapa
“A apanha começa em meados de outubro e vai até finais de novembro, e a maioria é colhida à máquina”, esclarece. A remoção da Castanha dos Soutos da Lapa DOP do interior do ouriço também já é feita com o auxílio de uma máquina própria para o efeito. “Uma parte vai para o armazém e a outra vai para a cooperativa. É calibrada, escolhida e embalada para venda.”
A seu tempo, há Castanha dos Soutos da Lapa DOP nos assadores da região, na Praça da Fruta das Caldas da Rainha e no Mercado Abastecedor de Lisboa, mas também na Festa da Castanha de Sernancelhe e na Feira da Castanha e Paladares de Outono, em Trancoso.
Em casa, este fruto deve ser conservado num espaço fresco e seco, “para não perder qualidade. Ao natural, conserva-se até cerca de um mês e meio, mas convém ter cuidado com as oscilações de temperatura”, recomenda Daniel Azevedo.
“Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.