Da Terra à Mesa

Doce, macia e pouco fibrosa, a batata-doce faz parte da lenda da conquista de Aljezur

Doce, macia e pouco fibrosa, a batata-doce faz parte da lenda da conquista de Aljezur
Foto: CM Aljezur

O episódio histórico aconteceu no século XIII e conferiu à Batata-Doce de Aljezur as propriedades de uma espécie de poção mágica. Hoje, este produto, com certificação IGP, continua a atrair comensais pelo país fora. “Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante

Semelhante à forma de pera alongada, a Batata-Doce de Aljezur, com certificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP) atribuída em 2009, apresenta, por fora, uma cor púrpura ou castanho-avermelhada e roxa da parte interior da pele. A polpa é amarela, doce, macia e pouco fibrosa. De acordo com a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), este produto “é a raiz adventícia da planta lpomoea batatas”, isto é, trata-se de uma raiz tuberosa, neste caso, da variedade Lira.

A produção da Batata-Doce de Aljezur IGP está circunscrita ao concelho de Aljezur e às freguesias de São Teotónio, São Salvador, Zambujeira do Mar, Longueira-Almograve, Vila Nova de Mil Fontes, pertencentes ao concelho de Odemira e localizadas junto à Costa Vicentina, na região do Algarve.

Batata-doce de Aljezur
Foto: CM Aljezur

Trabalhosa e sensível
Apesar de haver muitos produtores dentro desta área geográfica, incluindo quem a plante para consumo próprio, Manuel Marreiros, presidente da Associação da Batata-Doce de Aljezur, conta com apenas 20 associados. Este número totaliza aproximadamente 20 hectares de terra reservada ao plantio desta raiz. “A nossa batata-doce dá muito trabalho. Demora quatro meses a desenvolver-se, o que limita sempre a produção”, esclarece Manuel Marreiros. Além disso, “é um produto muito sensível às condições climáticas e do próprio solo”.

Depois de podadas as guias da Batata-Doce de Aljezur IGP da variedade Lira, plantam-se entre maio e junho. Ao fim de quatro meses, corta-se a rama e faz-se a colheita com o auxílio de uma máquina. “O ideal é esperarem pelas primeiras chuvas de setembro, porque, assim, a Batata-Doce de Aljezur ganha humidade e cresce mais”, afirma Manuel Marreiros. Depois de apanhadas, “são deixadas em cima da terra, para ficarem expostas ao sol e ao calor, durante cerca de 15 dias, porque não podem ser consumidas assim que são apanhadas”. Findo este período, são armazenadas em local fresco e arejado. Apoiar os rendimentos e a resiliência das explorações agrícolas viáveis em toda a união, de modo a reforçar a segurança alimentar são prioridades para o programa da PAC compreendido entre 2023 e 2027.

BatataDoce de Aljezur
Foto: CM Aljezur

Pronta a consumir, a Batata-Doce de Aljezur IGP também pode ser utilizada para fazer tortas e pudins, ou bases para tartes. Embora tenha um sabor adocicado, “tem menos açúcar do que a batata branca, sacia mais rapidamente e tem benefícios para a saúde, sobretudo de diabéticos”.

Agora só falta aguardar pelo último fim de semana de novembro, para rumar a Aljezur, onde decorre, entre os dias 24 e 26, o Festival da Batata-Doce de Aljezur, para tomar o gosto por esta doce raiz tuberosa, que, segundo a lenda, protagonizou uma célebre feijoada, que, comparada a uma poção mágica, terá dado vigor aos Cavaleiros de Santiago, aquando da conquista de Aljezur, em 1249, aos mouros.

A sustentabilidade social, ambiental e económica na agricultura e nas zonas rurais são linhas orientadoras da PAC - Política Agrícola Comum que, em Portugal, tem como objetivos principais valorizar a pequena e média agricultura, apostar na sustentabilidade do desenvolvimento rural, promover o investimento e o rejuvenescimento no setor agrícola a a transição climática no período 2023-2027.

“Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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