Da Terra à Mesa

Com o Maranho da Sertã, todos os dias são de festa

Com o Maranho da Sertã, todos os dias são de festa

Já foi um produto associado a ocasiões especiais, como casamentos ou almoços políticos. Hoje, o Maranho da Sertã, com Indicação Geográfica Protegida desde meados deste ano, é uma iguaria para o dia-a-dia e fácil de encontrar neste concelho do distrito na Beira Baixa. Confecionado com produtos regionais e de forma artesanal, cosido à mão, é um dos mais identitários da região, com direito a festival gastronómico anual, desde 2011. “Da terra à mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.

Em Junho deste ano, o Maranho da Sertã, que integra os produtos à base de carne, como aquecidos, salgados e fumados, foi classificado como produto com Indicação Geográfica Protegida. Produzido apenas no concelho que lhe dá nome, no distrito de Castelo Branco, distingue-se por ser um “ensacado feito a partir da bandouga”, como se lê no caderno de especificações. “A bandouga é o bucho dos ovinos e dos caprinos, é como nós dizemos aqui”, esclarece António Simões, proprietário do talho Carnes Simões, que se dedica também à produção de iguarias regionais.

Vendido cru ou já cozido no talho Carnes Simões, já que “as pessoas hoje em dia cada vez têm menos tempo”, o maranho pode ser servido como entrada ou prato principal. Para António, combina bem com uma hortaliça da época, como couve ou grelos, ou com uma salada simples, de alface e tomate.

Maranho da Sertã

É artesanal, regional e um valor acrescentado
Os maranhos, disponíveis todos os dias no talho, são “um êxito até à data de hoje” e a procura tem sido crescente graças ao trabalho desenvolvido pelo município, pela Associação de Produtores do Concelho da Sertã (APROSER) e pelos restaurantes – “agora é descabido ir a um restaurante da Sertã e não ter maranho”, diz. “Antigamente era feito só pelas festas, pelos casamentos. Era uma comida especial.” E a sua importância está também registada no caderno de especificações, onde é contado que foi o principal produto apresentado a Afonso Costa, ministro e primeiro-ministro da I República, num almoço em Cernache do Bonjardim, a 13 de abril de 1913.

Referência na gastronomia da região é, para António Simões, um “produto da terra” e, por isso, “um valor acrescentado”. A carne de caprino e/ou ovino é o ingrediente predominante, seguido do arroz carolino, da hortelã, do toucinho entremeado, do presunto, do azeite, do vinho branco, do sal e da água. Facultativamente, podem ser incorporados ainda chouriço de carne, sumo de limão, pimenta ou piripiri e alho.

Além disso, ainda é um produto artesanal. “A pele dá muito trabalho. É cosida à mão com agulha e linha”, explica, apresentando é uma das suas características diferenciadoras.

Maranho da Sertã

Vendido cru ou já cozido no talho Carnes Simões, já que “as pessoas hoje em dia cada vez têm menos tempo”, o maranho pode ser servido como entrada ou prato principal. Para António, combina bem com uma hortaliça da época, como couve ou grelos, ou com uma salada simples, de alface e tomate.

O Maranho da Sertã foi registado como Indicação Geográfica Protegida e, de acordo com um comunicado da Comissão Europeia, “realça a relação entre a região geográfica delimitada e o nome do produto”. A iguaria tradicional junta-se agora a uma lista da UE onde constam mais de 190 produtos portugueses. Todos os anos, pode provar este prato típico no Festival do Maranho da Sertã, que decorre durante o mês de julho. Durante todo o ano, são vários os restaurantes que servem a iguaria, como o restaurante Ponte Velha (Rua do Convento, Sertã. Tel. 274600160).

“Da terra à mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.

A sustentabilidade social, ambiental e económica na agricultura e nas zonas rurais são linhas orientadoras da PAC - Política Agrícola Comum que, em Portugal, tem como objetivos principais valorizar a pequena e média agricultura, apostar na sustentabilidade do desenvolvimento rural, promover o investimento e o rejuvenescimento no setor agrícola a a transição climática no período 2023-2027.

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