Está aberta a época: restaurantes do Minho a Lisboa já servem lampreia
Os primeiros relatos que chegaram do Minho apontam para uma época de pouca lampreia, mas de boa qualidade. De norte a sul, já vários restaurantes abriram a época de 2022 para servir os clássicos “Arroz de lampreia” e “Lampreia à Bordalesa”
O período de captura iniciou-se com a chegada de janeiro e os primeiros relatos, a partir das associações de pescadores do Minho, apontavam para um começo de safra, que se prolonga até 30 de março, com poucos exemplares de lampreia, mas de boa qualidade. As notícias correram céleres e poucos dias depois já vários restaurantes anunciavam o início de mais uma temporada de lampreia. Odiado por muitos, mas razão de romaria para outros tantos, este ciclóstomo faz parte do calendário gastronómico nacional, que não se esgota na apanha no Minho, com outras regiões, como o Mondego a fazerem gala da qualidade do produto e do receituário.
Ciclóstomo singular, de aspeto alongado, esguio e a boca semelhante a uma ventosa, a lampreia nasce no rio, desenvolve-se no mar e regressa à água doce para desovar. O sabor não deixa ninguém indiferente, movendo entusiastas de várias geografias, de janeiro a abril. Classicamente servida em arroz ou à bordalesa, a lampreia pode ser preparada no forno e até grelhada. De norte a sul, vários restaurantes ganharam fama pela forma como levam o “divino ciclóstomo” até à mesa e ao prato.
Em Lisboa e com ligações profundas e familiares ao Minho, o Solar dos Presuntos é sempre um dos primeiros restaurantes da capital e anunciar lampreia na ementa. Consoante a oferta, alargam-se os pratos confecionados e até se preparam almoços e jantares especiais para grupos de comensais que não perdem um época do ciclóstomo. Como referência o “Arroz de lampreia” custa €36. Ainda na capital, outro templo de boa gastronomia e bem servir lampreia é a Adega Tia Matilde. Com um serviço “democrático” pode pedir “um pedaço” de “Lampreia à Minhota” ou de “Lampreia à bordalesa” por €13. Já cada dose custa €52. Por encomenda e servida inteira, o restaurante ainda prepara “Lampreia assada no forno”, por €98, que serve vários convivas garantidamente.
Já no Minho, os principais restaurantes dos concelhos de Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova da Cerveira apostam na divulgação deste património gastronómico. Como referência, o Restaurante 7 à 7, em Monção sugere na ementa “Lampreia com arroz” e “Arroz à bordalesa”, com preços entre €45 (meia) e €90 (inteira).
No Porto, o conhecido restaurante Líder não perde uma época e conta com muitos clientes fiéis que apenas aguardam o sinal de Manuel Moura para se sentarem à mesa e provarem uma dose (€47,50) de “Lampreia à bordalesa”. Em Matosinhos, o mesmo acontece com O Gaveto, um dos mais afamados restaurantes na arte de servir (e guardar vivas no aquário) pratos de lampreia. Para saborear sozinho, mas de preferência acompanhado, pode garantidamente pedir ““Lampreia à bordalesa”, com a dose a custar €40. O “Arroz de lampreia” é servido apenas por encomenda e pode optar entre inteira (ideal para 4 pessoas) ou meia, com valores entre €70 e €110. Região também conhecida pela qualidade dos peixes do rio, o concelho de Gondomar volta a organizar um festival dedicado à lampreia e ao sável, entre 25 de fevereiro e 3 de março. No restaurante Casa Lindo, por estes dias, já se servem “Lampreia à bordalesa” e “Lampreia no arroz”, com as doses a custarem €32,50, e com possibilidade de pedir uma (€120) ou meia lampreia (€65).
Na região Centro, também afamada pela arte de tratar o chamado “bicho feio”, a iniciativa Região de Coimbra – Região Europeia da Gastronomia, elegeu a lampreia como um dos produtos em destaque no vasto património gastronómico. O embaixador desta iniciativa foi o chefJoão d’Eça Lima, que lidera o Restaurante Xisto, na idílica Louçainha, no concelho de Penela. Para assinalar a abertura da temporada 2022, que tem apresentado escassez na apanha do ciclóstomo, está agendado um menu especial elaborado e confecionado por Eça Lima e por Filipa Sotto-Mayor, do espaço Pifo – Petisqueira do Bairro, na Figueira da Foz. Com reserva obrigatória, a ementa do almoço de dia 29 de janeiro (sábado) vai contar com lampreia e arroz do Mondego, mas também com enguias e “Pudim do Abade”, de Miguel Oliveira. Refira-se que a Figueira da Foz promove, entre 18 e 27 de fevereiro, um Festival da Lampreia e Sável.
Junto à albufeira da Aguieira, outra paragem obrigatória para os adoradores deste produto sazonal é, precisamente, o restaurante A Lampreia, em Chamadouro, que serve a tradicional “Lampreia à Foz do Dão”, uma cabidela de lampreia, a partir de €50 (meia). Depois de ter inaugurado a temporada, o restaurante reabre a 26 de janeiro.