28 novembro 2022 9:45

Com a ajuda dos habitantes das aldeias históricas reuniram-se receitas antigas, tradicionais, que desde sempre fazem parte da cultura gastronómica regional. Agora, pode provar pratos como Papas de carolo, Pé de borrego, Ensopado de cabra ou Bola parda à mesa de 14 restaurantes locais.
28 novembro 2022 9:45
Sopa de grão das malhas em Sortelha ou Papas de carolo em Linhares da Beira? São 12 as Aldeias Históricas e 14 os restaurantes que, a partir de agora, vão servir, mais do que a cozinha tradicional, as memórias da terra. A iniciativa da rede de Aldeias Históricas de Portugal começou por entrevistar quem melhor conhece o que significa “comida de conforto” nesta região: as receitas antigas, que sempre se fizeram com os ingredientes locais, na época própria, e que saciavam a família no quotidiano ou em dias de festa.
A partir desta recolha recuperou-se uma mão-cheia de “Receitas que contam histórias” e que todos os visitantes vão poder conhecer em cada uma das aldeias, segundo o calendário alimentar que, outrora, marcava o quotidiano das comunidades e encontrar em 14 restaurantes aderentes. Uma forma de recuperar tradições e costumes e de viajar no tempo ao encontro de sabores familiares e memórias de infância. Em forma de um prato, trazem-se à mesa a história e a cultura locais.

Sopa de grão das malhas, de Sortelha
Dos Palaios aos Pés de borrego
Os enchidos ocupam lugar de destaque nesta recolha de memórias gastronómicas: encontra na maioria das lembranças buchos, palaios e chouriças de ossos (Sortelha, Almeida e Castelo Rodrigo) e, ainda, morcelas doces (Castelo Rodrigo, Almeida e Castelo Mendo). A “Bola doce”, considerada pelos habitantes o doce mais importante de Almeida, rivaliza com a “Bola parda”, de importância cultural e quase mítica em Castelo Rodrigo.
No campo dos tão tradicionais patos de aproveitamento, há migas de peixe e migas de tomate de Castelo Rodrigo e migas recheadas de Trancoso, onde também brilha o “Galo do Entrudo”.
As migas, em diversas confeções, são também usuais em Idanha-a-Velha, aldeia, onde se destacam ainda a sangria e o ensopado de cabra. A “Batateira”, em Monsanto, os pés de borrego, em Belmonte, o arroz tostado ou “Jantar em dia de S. José”, em Castelo Novo, a bola de sardinha e os carolos, de Piódão, e a sopa seca e s sopa de Natal, de Linhares, são outros pratos para descobrir.
Os visitantes são convidados a provar a tradição sentam-se à mesa destes 14 restaurantes locais: Casa do Castelo, Belmonte Sinai Hotel, Casa da Esquila, Casa da Cisterna, Taverna da Matilde, Colmeal Countryside Hotel, Pedra Nova- Turismo de Aldeia, O Pecado (Convento do Seixo Fundão), Cova da Loba, Dom Gabriel, D'Aqui e d'Acolá, D’aqui e D’acolá-Pardieiros, Monsanto GeoHotel Escola e Pé de Cabra-Mercearia Moderna.

Migas de batata de Monsanto
Património imaterial
Após a recolha junto das comunidades locais de um conjunto de receituário e saberes-fazer que exprimem a memória alimentar do território, a Aldeias Históricas de Portugal - Associação de Desenvolvimento Turístico recupera o legado gastronómico e promove-o junto do setor da restauração e hotelaria locais, harmonizando-o com vinhos da região à mesa de 14 restaurantes. Para além disso, as Receitas que Contam Histórias serão compiladas numa carta gastronómica em papel cujo lançamento, previsto para maio, terá edição da Leya.
O projeto permitiu não só resgatar o receituário que, atualmente, apenas sobrevive na memória dos residentes, correndo, assim, o risco de se perder no tempo, mas também compreender a cultura alimentar local e de a enquadrar num contexto gastronómico que enriquece o património imaterial das Aldeias Históricas de Portugal. São elas Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso. A recolha teve por base o trabalho de investigação de Olga Cavaleiro que deu origem a esta Carta Gastronómica das Aldeias Históricas de Portugal. A partir deste documento de investigação, coube à Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra desenvolver o receituário inserido nas ementas, procurando criar as ferramentas necessárias para transmissão de conhecimento e formação aos restaurantes aderentes. Numa parceria com a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior, foi feita a harmonização entre as ementas e vinhos da região. Para além do desenvolvimento do receituário, a Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra foi também responsável pela realização de “workshops” e de sessões de formação para os agentes privados do setor da hotelaria e restauração do território das Aldeias Históricas de Portugal.
Pode conhecer melhor aqui o projeto "Receitas que Contam Histórias – Gastronomia e Vinhos das Aldeias Históricas de Portugal"

Pão feito em forno comunitário em Idanha a Velha
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