Por terras que Aquilino Ribeiro batizou “do demo”, a maçã é a grande embaixadora de Moimenta da Beira, no distrito de Viseu. A propósito da Expodemo, que se realiza entre os dias 11 e 14 de setembro, parta à descoberta do sistema solar, de arte urbana nas alturas e da excelência dos vinhos da região
É a grande montra da maçã, a Expodemo, que regressa a Moimenta da Beira entre os dias 11 e 14 de setembro. O certame serve ainda de palco ao vinho e aos sabores da região. Durante quatro dias, o centro da vila transforma-se num palco de festa, negócios e cultura, reunindo mais de 160 expositores e milhares de visitantes. Durante os quatro dias do evento, a animação é garantida por artistas como Maninho (dia 11), GNR (dia 12), Calema (dia 13), além da irreverência do DJ Padre Guilherme. O cartaz cultural inclui também o V Festival de Estátuas Vivas, o espetáculo de teatro aéreo “Peter Pan”, pela companhia espanhola Grupo Puja!, e a XXVI Rota das Terras do Demo, uma prova que desafia os participantes a pedalar pelos trilhos e paisagens únicas da região.
A vila é a sede de um município que se estende por mais de 200 km quadrados, dividida por 16 freguesias, cada uma com atrativos singulares, que justificam a visita. No centro da localidade, várias casas com história motivam a um passeio refrescante, com paragens na Casa Brasonada dos Mergulhões, do século XVIII. A Casa da Moimenta, construída em 1579, e também conhecida como a Casa do Carrasco Rodrigues, que faz relembrar o tempo em que a justiça era feita na forca. Passe pelo Pelourinho de Castelo, do século XVI, viajando depois pela herança megalítica do concelho, com passagem pelo Menir da Nave, símbolo de fecundidade, pelo Menir de Alvite, que apresenta um adorno na cabeça, e pela Orca de Seixas, um dos primeiros dólmens portugueses a ser datado pelo método de radiocarbono 14. Termine na Orca Grande, e espante-se com a laje que a cobre: mede cerca de 3,70 m de comprimento e 4,60 m de largura.
É um projeto único em Portugal e na Europa e, afiança o município, provavelmente no mundo, porque alia a Ciência à Arte e tem ainda uma peculiar vertente de inclusão social. O “Sistema Solar à escala do concelho de Moimenta da Beira” estende-se por vários pontos do concelho, começando no Sol, o astro-rei, com 1,39 metros de diâmetro e colocado junto aos Paços do Concelho, e continuando pelos oito planetas principais do Sistema Solar com as dimensões e distâncias proporcionais cientificamente calculadas. Assim, os restantes planetas estão fixados no núcleo urbano da vila de Moimenta da Beira (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) e nas localidades de Semitela (Júpiter), Baldos (Saturno), Alvite (Úrano) até Neptuno, o último planeta do Sistema Solar, colocado na praia fluvial de Segões. Oito dos nove discos metálicos, com informações, foram intervencionados por pintores, arquitetos, escultores, ilustradores e designers, todos com formação pelas Faculdades de Belas Artes do Porto e Lisboa. O último tem a mão criativa de vários utentes da Artenave, uma instituição de solidariedade sediada em Moimenta da Beira que tem como grande objetivo contribuir para a promoção social da população da região nordeste do distrito de Viseu.
Joana Vasconcelos e Vhils foram os artistas convidados, pela Âncora Wind Energia Eólica SA, para assinar duas das maiores obras de arte contemporânea do mundo, em altura - o projeto WindArt. Os artistas, internacionalmente reconhecidos, projetaram e desenharam os elementos que revestem duas torres eólicas, com cerca de 100 metros de altura e 50 metros de envergadura, num total de 150 metros. Joana Vasconcelos caraterizou o projeto como “um verdadeiro desafio, pela dimensão e localização inesperadas. Sendo, provavelmente, o maior projeto de arte contemporânea, em altura, do Mundo”. O conceito desenvolvido por Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils, “simboliza a riqueza de texturas naturais de espécies de árvores da região, estabelecendo uma ligação com os elementos que dão vida e energia ao próprio local. Entre estes elementos gráficos, emerge a forma de um olho humano, que visa representar, simbolicamente, um farol, que humaniza e ilumina o espaço à sua volta.”
Na aldeia do Castelo não perca o miradouro suspenso cujo chão é todo em vidro. A 770 metros de altura a sensação e a vista são arrebatadoras. Localizado no monte de Nossa Senhora da Conceição, que já era um dos principais pontos turísticos da freguesia de Castelo, o miradouro é agora, ainda mais, centro das atenções de todas as povoações vizinhas. A estrutura parte de terra e fica suspensa no ar, com vista sobre casarios. Em redor toda uma paisagem a perder de vista. Moimenta da Beira, Armamar, Tabuaço, Sernancelhe e Trancoso podem ser avistados daqui.
Se o tempo o permitir, faça um passeio pela Zona Balnear da Barragem de Vilar, praia “poluição zero” pela associação ambientalista ZERO. O espaço é uma zona de veraneio de excelência. Das infraestruturas fazem parte um bar de apoio, com esplanada, zonas de sombra, parque de merendas com churrasqueira, gaivotas para percorrer as águas calmas do rio Távora e plataforma de mergulhos.
Já na Zona Balnear de Segões, encontre as águas límpidas de um dos cursos de água menos poluídos da Europa, o rio Paiva. Recentemente intervencionada, esta praia fluvial dispõe de muita sombra e ampla zona relvada, além de bar de apoio, churrasqueira, mesas de pedra para piqueniques e balneários. Atravessando a ponte para a outra margem, pode optar por uma área com areia e chapéus de colmo.
Na Zona de Lazer da Ribeira da Pontinha há um lençol de água excelente para banhos, e na Zona de Lazer do Vidual uma represa faz uma retenção razoável de quantidade de água, proporcionando refrescantes mergulhos.
O Parque Aventura Crónicas da Terra (Tel.919439663), na Albufeira da Barragem do Vilar, oferece um programa diversificado de desportos de aventura, com destaque para Canoagem, Circuito de Pontes, Rapel, Escalada, Slide, BTT, Paintball, Rafting, Orientação, Tiro, Jogos de Grupo e Percursos Pedestres. O Parque Paiva Natura apresenta dois percursos, um pedestre e um motorizado assistidos por sinalética ecológica e homologada, painéis explicativos, desdobrável e brochura, utilizando percursos tradicionais, caminhos e trilhos. Pode aproveitar a Rota Megalítica da Nave para recuar até aos primórdios da presença humana na região, e na Rota do Paiva descobrir o rio Paiva e o ambiente rural que o rodeia.
Há ainda duas novas rotas pedestres, a dos Penedos da Fonte Santa e a Megalítica da Nave. Os percursos dão a conhecer a zona rochosa do planalto da Nave, tem 10,5 km, sendo constituído por numerosas formações geológicas graníticas que afloram à superfície e que favorecem a presença de uma fauna e flora que lhe são próprias. Pretende-se que seja um museu ao ar livre para incentivar a população a frequentar a serra. Nesta rota existem um conjunto de penedos com formatos "sui generis" e junto a cada um há um QRCode que explicar a história do penedo e da sua forma. A Rota do Megalítico na Nave, com ponto de partida e chegada na Quinta dos Caetanos, em Alvite tem 7,2 km. É percorrido no sentido contrário aos ponteiros do relógio, e oferece ao turista monumentos erigidos por pastores, que há cerca de seis mil anos, quiseram enterrar os seus mortos, edificando menires e imponentes túmulos conhecidos como antas, dólmenes ou popularmente designados como orcas.
A casa de Aquilino Ribeiro (Tel. 232607293), em Soutosa, datada do século XIX, deu lugar à Fundação Aquilino Ribeiro. Pretende promover a vida e obras literárias de Aquilino Gomes Ribeiro e preservar as memórias do escritor, valorizando os bens culturais e promoção da sua obra com objetivos científicos, educativos e lúdicos. Aquilino nasceu em 1885 na freguesia de Carregal, Sernancelhe, mas foi em Soutosa, concelho de Moimenta da Beira, que o escritor passou parte da sua infância, tendo-se mudado para a aldeia com os seus pais, aos dez anos. Após a morte do pai, o escritor herda, em 1918, a casa de Soutosa que aparece sempre como refúgio na vida do escritor que retratou de forma singular esta região, cunhada pela sua pena de “Terras do Demo”. Em vida publicou 69 livros onde abordavam diversas áreas, como a ficção, memórias, literatura, biografias, estudos de história e etnologia, teatro, crítica literária, entre outras. Em 1907, em parceria com José Ferreira da Silva, escreve A Filha do Jardineiro, obra de ficção e de crítica às figuras do regime. A Casa-Museu tem centenas de objetos pessoais do escritor, como livros, postais e fotografias.
A Cooperativa Agrícola do Távora foi instituída em 1955, primeiro como “Adega Cooperativa de Moimenta da Beira”, e depois, em 1972, como “Cooperativa Agrícola do Távora”, designação que mantém desde aí. Está sediada em Moimenta da Beira, coração da Região Demarcada do “Távora-Varosa”, incrustada entre as regiões do Douro e do Dão, e ao longo da sua existência tem recriado alguns dos melhores vinhos nacionais. Dedicado à produção do espumante a partir de 2004, com o espumante “Terras do Demo”, a ser uma das marcas mais premiadas em Portugal e no mundo. Produz e comercializa ainda maçã de altíssima qualidade. Por marcação (Tel. 254582406), pode fazer visitas guiadas e degustar os produtos produzidos pelas Caves.
No Peto Real – Hotel Verdeal (Tel. 254584061) encontra “Cabrito assado no forno”, e “Vitelinha assada com castanha” como especialidades. No Restaurante Coisas d'Aldeia (Tel. 933525061) a “Francesinha à moda da casa” é o mais pedido, e no Restaurante “O António” (Tel. 254586431) serve-se “Bacalhau à António”, “Borrego assado com batata assada” e “Arroz de polvo com gambas”. Para dormir, conte com o Hotel Verdeal (Tel. 254584061) com 34 quartos, com a Pensão Santos (Tel. 254529068) com sete quartos, e ainda com o Pico do Meio Dia (Tel. 254582381) com 16 quartos. Pode ainda optar pelos Moinhos d’Antoninha (Tel. 929301330) com dez casas envolvidas pela natureza, muito perto das instalações eólicas de Joana Vasconcelos e Vhils.
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