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Este novo restaurante em Lisboa é o ponto de partida para uma viagem gastronómica pelos Descobrimentos

Novo restaurante Bonança, junto ao Tejo, em Lisboa
Novo restaurante Bonança, junto ao Tejo, em Lisboa
Hayley Kelsing Photography

Em Belém, um dos clubes náuticos mais antigos do mundo e a viagem de Vasco da Gama, o navegador que partiu dali rumo ao Oriente, inspiram o conceito do novo restaurante Bonança. A vista para o Tejo é o aperitivo

Este novo restaurante em Lisboa é o ponto de partida para uma viagem gastronómica pelos Descobrimentos

Dora Troncão

Jornalista

A ideia de que um lugar tem uma história e o seu propósito está-lhe associado para sempre, seduz e consola. O edifício onde funciona a Associação Naval de Lisboa, fundada em 1856, o clube náutico mais antigo de Portugal e dos 30 mais antigos do mundo, demorou três anos a ser recuperado, tal qual a viagem à India de Vasco da Gama. É agora também a morada do restaurante Bonança. “Foram necessários três anos para a recuperação do edifício, que estava em péssimas condições, uma viagem longa que cola com o conceito do restaurante e com a célebre viagem do Vasco da Gama que demorou precisamente três anos”, refere um dos sócios do Bonança, Salvador Sobral, que divide responsabilidades do projeto com a família Germano de Sousa, Filipe Farinha dos Santos e Diogo Sousa Coutinho.

Bonança

“É difícil encontrar um espaço com este equilíbrio em que temos a perspetiva do Padrão, do CCB, dos Jerónimos, do rio, somos privilegiados”, reforça. “Em 1497 saímos daqui, da Torre da Belém, chegámos ao Oriente e regressámos três anos depois, por isso o conceito da viagem faz tanto sentido”. O Bonança apresenta-se como um ponto de partida para uma viagem gastronómica, associada aos mares e à riqueza de ingredientes e especiarias que os Descobrimentos trouxeram a Lisboa. “O restaurante Bonança homenageia esses tempos áureos e as grandes aventuras marítimas”. A ementa procura “unir a história e a inovação, celebrar a alma portuguesa e as influências de outras culturas, com pormenores gastronómicos, apontamentos que trazemos desta viagem, da parte africana até à Índia”.

Bonança
Hayley Kelsing Photography

Viagens e churrasco

Carlos Nunes é o chef que tomou o leme da cozinha. Iniciou carreira no restaurante 100 Maneiras, passou pelo Arola, no Penha Longa Resort, e pelo Bon Bon, no Algarve. Esteve envolvido em projetos internacionais no Dubai e em Barcelona. Abriu o Hotel Artsy, em Cascais, uma unidade ligado à arte que conta com uma cozinha aberta e uma proposta gastronómica contemporânea, com um enfoque no peixe e marisco, e inspirada nas influências das viagens portuguesas pelo mundo. Teve uma experiência no Fifty Seconds, sob a orientação do chef Rui Silvestre, com quem já havia colaborado.

No novo restaurante Bonança dá destaque à gastronomia portuguesa e ao churrasco tradicional, com um toque das influências das viagens dos portugueses ao redor do mundo. A ementa é dinâmica, mas nela sobressaem, nas entradas, o “Bife tártaro finalizado com romesco, gema e pão torrado” (€18) e “Carpaccio de camarão-vermelho com ovas de truta e vinagrete de yuzu kosho (€25), assim como o “Atum rabilho com ponzu e wasabi” (€21). Já nos principais há vários arrozes como o de “Carabineiro com limão e harissa” (€30) e o “Arroz malandro de berbigão (€22). Termine com o “Pão de ló com azeite, flor de sal e gelado de laranja” (€12/duas pessoas). Para harmonizar, está disponível uma seleção de vinhos portugueses e internacionais, escolhidos pelo escanção Fernando Cortes, com experiência nos restaurantes Eleven e Vistas.

Vista para o Tejo, a partir da sala do novo restaurante Bonança
Hayley Kelsing Photography

Com 150 lugares no interior, o bar do Bonança é um dos lugares para aproveitar a mixologia assinada por Filipe Ventura, chefe de bar, que também remete para as viagens dos Descobrimentos. Todo o ambiente do restaurante, com decoração assinada pelo Oani Studio, é de contemplação e convida a deixar-se ficar. Desde a entrada onde o mural recuperado evoca o presente de D. Manuel ao Papa Leão X, em 1514, com símbolos dos Descobrimentos Portugueses, como o elefante, o lince e o cavalo árabe graças às técnicas de Pureza Peres e Anaísa Franco, do WOA – Way of Arts. Muito do espólio da Associação Naval de Lisboa foi cuidadosamente restaurado e valorizado ao ser posto em evidência.

Bonança
Hayley Kelsing Photography

Dançar com o Tejo à vista

O novo restaurante Bonança proporciona vista para a Doca de Belém, Padrão dos Descobrimentos e o rio Tejo, oferece uma esplanada e um terraço, ambientes que se adaptam a momentos distintos. Na sala Vasco da Gama, localizada no piso superior, com atmosfera de clube náutico, pode ser utilizada para eventos mais privados. “Queremos ser mais o que um restaurante, ter um lado cultural muito forte, algo que este espaço merece, e ser uma alternativa cultural em Lisboa, com uma programação, com concertos, numa primeira abordagem algo mais musical, mas que vai transcender isso”, explica Sobral. Às sextas-feiras e sábados, o restaurante recebe DJ e, depois do jantar, transforma-se num espaço de clubbing onde a diversão continua até às 03h00. O espaço reinventa-se, transforma-se num bar e clube, com curadoria musical de Pedro Costa, DJ, músicos e artistas.

Bonança
Hayley Kelsing Photography

A ambição dos fundadores do restaurante, cuja expertise oriunda de várias áreas contribuiu para a exemplar reabilitação deste edifício histórico, é que o novo restaurante Bonança (Associação Naval de Lisboa, Doca de Belém, Lisboa. Tel.916884669) possibilite “a reabilitação da zona ribeirinha, estendendo o conceito de luxo da Avenida da Liberdade até Belém, uma área histórica e turística”.

Bonança
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