“Mais fresco e com acidez vibrante”: envelhecido no farol, fomos ao Bugio provar um vinho generoso de Carcavelos de edição especial
Forte de São Lourenço do Bugio
DR
Depois de 11 anos de estágio em terra e 12 meses de envelhecimento no Forte de São Lourenço, o Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos revela-se “mais fresco e com uma acidez vibrante”. A prova da edição especial deste vinho de Carcavelos foi feita no Farol do Bugio, na entrada da Barra do Tejo
A visita realizada pela Direção de Faróis à vinha da Adega Casal da Manteiga e à adega deste local, bem como à Adega do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, resultou agora no Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos.
Trata-se da edição especial comemorativa do centenário deste órgão pertencente à Direção-Geral de Autoridade Marítima Nacional, apresentada na manhã do dia 28 de maio, no Forte de São Lourenço do Bugio, também conhecido por Farol do Bugio. “O vinho apresenta-se mais fresco e com uma acidez vibrante” descreve Alexandre Lisboa, coordenador técnico do Projeto da Vinha e do Vinho Villa Oeiras, da Câmara Municipal de Oeiras
Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos
Mafalda Mata / CM Oeiras
Mas a história deste Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos nasce de um repto. O primeiro é feito por Alexandre Lisboa, que propõe a colocação de pipas com vinho de Carcavelos no Forte São Julião, em Oeiras. Perante este desafio, a Direção de Faróis sugere ir mais longe, isto é, transportar as barricas até ao interior do Farol do Bugio, exemplar arquitetónico militar que marca o fim do rio Tejo e o início do oceano Atlântico. Esta ação concretiza-se a 23 de abril de 2023. Desde então, o Farol do Bugio é o guardião de 13 “pipas novas em carvalho português de tosta média”, avança Alexandre Lisboa, que conta com o conhecimento do enólogo Pedro Sá.
Isaltino de Morais, presidente da Câmara de Oeiras, com o Almirante Gouveia e Melo, Chefe do Estado Maior da Armada
Mafalda Mata / CM Oeiras
De nove pipas, em cada três estão colheitas de Villa Oeiras de 2022, 2017 e 2012. Estão a ser estudadas “juntamente com outras nove pipas que estão na nossa Adega do Palácio do Marquês de Pombal. Segundo Alexandre Lisboa, “de seis em seis meses são retiradas amostras e vamos analisá-las juntamente com o Instituto Superior de Agronomia e o INIAV [a Estação Vitivinícola Nacional que constitui o Polo de Dois Portos do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária], para perceber se há efetivamente uma divergência na evolução”, comparativamente à mesma colheita que permanece na Adega do Palácio do Marquês de Pombal. As restantes quatro pipas contêm Carcavelos Villa Oeiras Superior 15 Anos.
Este desafio “consolidou-se num projeto de investigação científica, que procura estudar a influência Atlântica no processo de envelhecimento dos vinhos de Carcavelos em oxidação, ou seja, em pipa e não em garrafa”, explica o coordenador técnico do Projeto da Vinha e do Vinho Villa Oeiras, da Câmara Municipal de Oeiras.
As barricas em estágio no Farol do Bugio
1800 garrafas
Sobre o Carcavelos Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos, o envelhecimento ocorreu ao longo de 11 anos em barricas de carvalho francês na Adega do Palácio Marquês de Pombal e 12 meses em barricas novas de carvalho português dispostas no Farol do Bugio. Esta edição especial totaliza 1800 garrafas de 0,5 litros (€250). “Já fizemos a prova e o vinho demonstra um caráter muito distinto do que já provamos até agora, sendo, de qualquer modo, um Carcavelos. Mas aqui a ambição vai mais longe. Não é só um storytealing bonito, é fazer algo mais arrojado, mostrar cientificamente porque é que o vinho é diferente”, sublinha Francisco Toscano Rico, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa. Já Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, destaca este “vinho de nicho”, como "único pelo seu terroir, pelas suas condições e pelas castas singulares, importantes para promover Portugal”.
Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos
Já Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, relembra os primeiros passos dados no âmbito da recuperação do vinho de Carcavelos, legado de Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal. Este trabalho remonta a 1999, época em que este generoso “estava em vias de extinção. O nosso objetivo era puramente a defesa de um património cultural deste território, que rapidamente se afirmou. Hoje é mais do que um produto cultural e patrimonial. Tem valor económico”, reconhece o autarca, cerca de 25 anos após o início deste projeto vitivinícola.
A apresentação do Carcavelos Villa Oeiras Colheita branco 2012 - 1924 Pharoes 100 Anos foi feita por ocasião da assinatura do protocolo de colaboração por parte de Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, pelo Carlos Ventura Soares, vice-almirante e Diretor-geral da Autoridade Marítima, com o testemunho do almirante Henrique Gouveia e Melo, Chefe do Estado-Maior da Armada. Este momento constituiu uma parceria institucional entre o município e a Autoridade Marítima Nacional, com vista ao desenvolvimento de ações de âmbito educativo, científico, cultural, desportivo e de investigação histórico-patrimonial.