Boa Cama Boa Mesa

Território sustentável é aquele que é “responsável e capaz de criar interatividade”

Loading...
A frase é de Augusto Mateus, professor universitário e ex-ministro da Economia e pode ser ponto de partida para responder a questões relevantes: como construir um território sustentável, assente no desenvolvimento económico e social, se os mundos rural e urbano continuam divorciados? Que fazer quanto aos jovens que sonham tornar-se empresários, mas não veem no interior condições atrativas? Os desafios e soluções estiveram em análise no ciclo de Conversas Terra a Terra, organizado pela Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) com o Expresso como media partner

Potenciar o empreendedorismo, a dinamização económica e a criação de emprego fora das metrópoles motivou a criação do Estatuto do Jovem Empresário Rural (JER), em 2019. Os resultados, no entanto, ficaram aquém do esperado e o país ainda falha o objetivo de criar um território sustentável, que tem de ser “responsável e capaz de criar interatividade”, explicou Augusto Mateus, professor universitário e ex-ministro da Economia.

O jovem empresário rural, que não é necessariamente agricultor, é alguém que permite “atacar a ausência de certo tipo de competências e serviços” no interior, fatores imprescindíveis para o tornar atrativo. Embora acredite que em Portugal “não falta iniciativa empresarial”, reconhece que há “péssimas condições” para a sua criação. As empresas nascem “subdotadas de capital, de competências e conhecimento do mercado”, afirmou.

Os jovens agricultores e empresários rurais não têm o caminho facilitado, mas têm vindo a unir esforços com autarcas das zonas interiores no sentido de desenvolver os territórios. “Têm feito o que está ao seu alcance, mas muitas vezes não são acompanhados pelos governos centrais”, afirmou Firmino Cordeiro, diretor-executivo da AJAP.

Para Maria Castelo Branco, analista política, a solução passa por “mais autonomia” do poder local, possibilitando a desburocratização de processos, incluindo no acesso ao JER, em que o acesso a financiamento, por exemplo, é complexo. O divórcio entre mundo rural e urbano será “muito difícil de ultrapassar” enquanto as decisões não forem descentralizadas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate