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Do mestre da Cebola Roxa à Loja Cá da Terra, mercado de Montemor-o-Novo é uma montra única de pequenos produtores

Do mestre da Cebola Roxa à Loja Cá da Terra, mercado de Montemor-o-Novo é uma montra única de pequenos produtores

Em pleno Alentejo, Montemor-o-Novo é um enorme território agrícola. Aqui, a produção em pequena escala ganha dimensão. A prova está à vista nas manhãs de sábado, no Mercado Municipal, localizado no centro da cidade e onde a Cebola Roxa é rainha

Em pleno Alentejo, Montemor-o-Novo é um enorme território agrícola. Aqui, a produção em pequena escala ganha dimensão. A prova está à vista nas manhãs de sábado, no Mercado Municipal, localizado no centro da cidade e onde a Cebola Roxa é rainha

Luís Curto

Mestre da Cebola Roxa
Luís Curto é mestre na arte da produção da Cebola Roxa de Montemor-o-Novo, variedade endógena deste concelho alentejano. Segundo os mais antigos, e de acordo com os escritos no volume 1 da revista SMEA (2022), do município, “esta variedade existe há, pelo menos, de 150 anos”. A mestria aprendeu com o pai Amaro Curto, que “continua a produzir” e é tido como um guardião acérrimo das sementes desta variedade de cebola. A bem da longevidade do produto, Luís Curto partilha o conhecimento que lhe foi transmitido. “Tenho feito ações no âmbito da sementeira e da germinação da Cebola Roxa de Montemor-o-Novo”, exemplifica. A semente é lançada na terra em janeiro/fevereiro, época do ano associada à produção dos viveiros. “Em abril/maio, está pronta para fazer a plantação.” Nesta fase do transplante “há pessoas que seguem os trâmites do biológico. A minha agricultura é tradicional”, afirma. Entre agosto e setembro, esta variedade de cebola autóctone do referido concelho está pronta para consumo. Igualmente conhecida por “cebola vermelha”, é ligeiramente mais doce do que a convencional e pode ser consumida crua. Mas Luís Curto não fica por aqui no que à agricultura diz respeito. “De hortícolas tenho um pouco de tudo, mas vão mudando à medida da estação” na sua horta, em Courela do Olival, Reguengo, freguesia do concelho de Montemor-o-Novo. Há batata, batata-doce, alhos, cebolas e outros, apanhados e colhidos em devida época do ano.

A Horta do Zé

A Horta do Zé
Maria Abreu, avó e mãe, é o rosto d' A Horta do Zé. “Dou a cara para vender” e sempre com um sorriso, ao sábado, de manhã, no Mercado de Montemor-o-Novo. Já o marido, José Abreu, é o responsável pela horta, que já era do avô, mas, em 2019, tornou-se um negócio de família. “Começou como uma brincadeira”, confessa, a qual já se tornou séria. As sementeiras são feitas de acordo com o saber empírico passado de geração em geração, sempre ao sabor do tempo. Valem os solos e o clima. A prova está na produção de amendoim, a semear em março, para colher em agosto e setembro. Ou os abacates. “Tenho dois abacateiros mais velhos e, agora vou ter de enxertar os outros”, conta. Também tem pitaia, uma apenas, para já, motivo pelo qual quer aumentar a produção, e uma bananeira. “Para as bananas serem boas, o cacho tem de nascer na primavera, que é quando ficam mais docinhas”, afirma. Nesta época do ano, colhe abóbora, batata doce, couves, alho francês, cebola convencional e Cebola Roxa de Montemor-o-Novo, e “a principal cultura, espargos, que é o que mais vendemos”, acrescenta Maria Abreu. Alcachofra, chuchu, morangos e alho fazem parte da lavoura do casal, “mas tudo no seu tempo”, continua. A Horta do Zé, localizada em Foros de Vale de Figueira, no concelho de Montemor-o-Novo, é de produção biológica. “Já o meu avô era contra os produtos químicos e eu também não os uso”, garante José Abreu.

Freixo Alimento

Freixo Alimento
Afonso Cunha, nascido em Sintra, é formado em Biologia, Seguiu-se o mestrado em Agronomia, mas quis o destino que rumasse a Montemor-o-Novo. “Conheci a minha mulher, que é de cá, na faculdade, e comecei a vir para aqui. O Alfredo [Sendim] deu-me a possibilidade de explorar um bocado de terreno no Montado do Freixo do Meio, em Lavre, freguesia de Montemor-o-Novo. Depois convidou-me para integrar na cooperativa”, revela. Com o término da cooperativa, Afonso Cunha, Maria Abel e Jorge Semedo fundam, em março de 2022, a Freixo Alimento. Trata-se de um projeto ligado à produção e comercialização de produtos alimentares. São elas os hortícolas, produção que se cinge a 2,5 hectares de terra desta propriedade, e a unidade de desmanche. “Compramos animais à Sociedade Agrícola do Freixo do Meio”, da qual faz parte a Herdade do Freixo do Meio, “e a outros produtores biológicos. Compramos principalmente vaca e porco, às vezes gado ovino, peru, galinha, frangos…” Nesta época do ano, encontra a banca de Afonso Cruz, nas manhãs de sábado, no Mercado Municipal de Montemor-o-Novo, com couve, brócolos, cenoura, alho-francês, nabos, nabiças, rúcula e alface.

Loja Cá da Terra
Aberta desde fevereiro de 2022, a Loja Cá da Terra é uma montra de produtos do concelho, instalada no edifício do Mercado Municipal de Montemor-o-Novo. “Tínhamos pensado em ter uma loja de produtos locais, concorremos e conseguimos ficar com este espaço”, conta David Duarte, que conta com o apoio da mulher Catarina Xavier, para manter viva o bem-fazer das pessoas da terra. “É uma forma de dar a conhecer os pequenos produtores. São produções limitadas, que, nesta loja ganham dimensão. É o caso do próprio David Duarte, produtor de gado bovino criado ao ar livre, nas herdades do Outeiro e da Cravosa, em São Sebastião da Giesteira, freguesia de Montemor-o-Novo. Juntem-se cogumelos e molho picante, disponíveis para venda neste espaço. Acompanhe com os hortícolas, como a batata, a batata-doce, os alhos, as cebolas, entre outros, mas tudo na época certa do ano, e sirva com referências vínicas de produtores de vinho do concelho. Azeite, queijos, mel, doces e compotas, gin, aguardente e licor de poejo cabem nesta lista de compras a fazer na Loja Cá da Terra (Mercado Municipal, 10, Largo Professor Bento de Jesus Caraça, Montemor-o-Novo. Tel. 915173305). Está aberta à sexta-feira, entre as 18h00 e as 20h30, ao sábado, entre as 08h00 e as 13h00 e das 15h30 às 19h30, e ao domingo, das 10h00 às 13h00.

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