O último Grande Cozido de Portugal já tem data e a lista de espera parece não ter fim
Cozido Barrosão
CM Montalegre
55 edições depois, o mais famoso dos cozidos nacionais vai ser servido pela última vez em fevereiro, em Lisboa. É um cozido Barrosão, com mais de 60 ingredientes e apenas 90 lugares. A lista de espera para esta grande festa de sabores já tem mais de 800 inscritos
“Chegou a hora de dizer adeus aos cozidos”, anuncia Nuno Diniz, sem nostalgias, mas com a certeza de que “dei sempre o melhor em cada um dos 55 cozidos que fiz ao longo da vida, desta dimensão. Comecei na York House, em Lisboa no ano de 2006”. Será no dia 10 de fevereiro, na 1300 Taberna, em Lisboa, que os fogões se acendem pela última vez para preparar um dos maiores cozidos de Portugal. Depois, Nuno Diniz regressa a casa, à horta e ao convívio com a natureza, nos bosques que rodeiam a casa onde habita, sem esquecer a nascente de água pura, cujo som o acompanha nas lidas diárias.
A nascente também vai ter um papel preponderante neste Cozido Barrosão, uma vez que será nesta água que irá cozer os enchidos, as batatas e os legumes servidos neste “Grande Cozido”. “É uma homenagem à região que tão bem me recebeu”, confidencia Nuno Diniz, “por isso, todos os enchidos são de cinco aldeia de Montalegre e de outras cinco do concelho de Boticas”. No total, contam-se 60 produtos no prato, a que se juntam a batata Kennebec, a couve tronchuda, a cenoura e o nabo.
Cozido Barrosão e Transmontano
Nos tachos vão cozer chouriça, chouriço de abóbora, chouriço de farinha, ou farinhota, sangueira e salpicão, com a particularidade de, revela Nuno Diniz, “serem todos enchidos fumados”. Por encomenda e a pedido do cozinheiro, há também ossos da suã, ou assuã, igualmente fumados. A água, já se disse, é fresca, pura e cristalina e vem da zona do Barroso. Como novidade, esta edição inclui ainda vitela, “um produto que, por ser caro, não se costumava incluir no cozido, mas que eu quis usar desta vez”, explica Nuno Diniz
Nuno Diniz
Após ter cozinhado em 98 países, e tendo estado nos últimos tempos em Lisboa, Nuno Diniz diz que “este é o último para o público, porque abandono Lisboa definitivamente, passando a viver em permanência em Sezelhe”. O almoço, com vinhos incluídos, custa €60 e os lugares são limitados a 90 pessoas. As más notícias é que já há 837 pedidos de participação, que “aceito por ordem de chegada, com a indicação, no e-mail de resposta, que o valor do almoço deve ser pago na confirmação, integralmente, sem haver direito a devoluções”, avisa Nuno Diniz, que também manda na resposta de confirmação que “não há alternativas vegetarianas ou alergénicas. Ou vão para comer o cozido, ou vão almoçar a outro lado”, esclarece o chef.
A Cozinha Popular Elitista de Nuno Diniz – Os pratos do Revolução
Já nas livrarias, encontra-se o último livro de Nuno Diniz. Tem o nome de “A Cozinha Popular Elitista - Os pratos do Revolução”, um restaurante que abriu antes da pandemia em Lisboa. Na descrição, o chef diz que “este é um livro com a minha cozinha no Revolução. Que segue as minhas convicções, sobre como fazer, para ficar como eu quero e gosto. Este não é um livro de cozinha tradicional! Não é uma recolha de pratos populares! O Caminho foi longo porque o caminho é longo. Ter confiança, mas duvidar; não ter medo de dizer; não hesitar em sair da manada, do lugar-comum, das crenças que não passam de crendices... Ser inteiro, sincero, igual e justo com todos...” O livro é editado pela Wook, e pode ser adquirido nas principais livrarias ou AQUI.