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Renovada, casa do “melhor bife de Lisboa” celebra 41 anos

Renovada, casa do “melhor bife de Lisboa” celebra 41 anos

Ao fim de quatro décadas, o Café de São Bento mudou, mantendo a traça original, que prolongou ao primeiro andar e quer continuar a ser a casa do “melhor bife de Lisboa”

Quando se cruza a porta, após tocar a campainha, do discreto restaurante Café de São Bento, as ligeiras diferenças, trazidas pela recente remodelação, são praticamente impercetíveis. As imponentes madeiras, os dourados, os corrimãos, os quadros e o balcão, continuam no mesmo local. Até a maioria dos empregados, em especial o chef Manuel Fernandes e os funcionários Fernando Teles, Agostinho e Davide são os mesmos, e só após escolhida uma mesa é que as novidades se começam a notar. Se optar pelo primeiro andar, a mudança é percetível de imediato, já que a recente remodelação harmonizou o estilo da sala com a do espaço tradicional.

Café de São Bento

O icónico Café de São Bento aproveitou a mudança de proprietários, há cerca de um ano, para melhorar alguns dos materiais originais, usados aquando da sua abertura, em 1982, e teve sempre em conta o respeito pela história e pela personalidade do espaço. Entrar no Café de São Bento continua a ser uma viagem no tempo a um dos estabelecimentos históricos da capital. Sem alterações, a ementa mantém-se simples, com o famoso bife, já distinguido como o “melhor de Lisboa”, a ser motivo de romarias, e o prato mais pedido por gerações de clientes.

Café de São Bento
SALVADOR COLACO

“Após celebrarmos 40 anos, sentimos que estava na altura de fazer algumas melhorias e renovar alguns materiais que tínhamos desde a abertura, no início dos anos 80” explica Miguel Garcia, sócio-gerente do Café de São Bento. “Quisemos que esta remodelação respeitasse o espírito e imagem que tornam o restaurante único em Lisboa, optando pelo veludo encarnado, o mogno, o cabedal inglês ou o latão. Não quisemos fazer uma transformação, mas sim uma melhoria que esteja em linha com o que temos e que é já muito apreciado pelos clientes da nossa casa, o que passou por uniformizar os dois andares do restaurante do ponto de vista arquitetónico e decorativo.” conclui.

Café de São Bento
SALVADOR COLACO

O restaurante Café de São Bento, há quatro décadas junto à Assembleia da República, fez 41 anos a 12 de julho, e tem-se mantido fiel à tradição que criou ao longo do tempo. Expandiu-se para o Mercado Time Out, no Caís do Sodré, em Lisboa, com planos para chegar também a Cascais e ao Porto. A intenção de chegar à “Invicta” prende-se com a vontade de “satisfazer o apetite dos clientes do norte, que, de cada vez que passam por Lisboa, fazem questão de vir ao Café de São Bento à procura do tradicional bife”, diz Miguel Garcia.

Naturalmente, a proximidade com a Assembleia da República faz deste restaurante um dos preferidos da política nacional. De Mário Soares a Marcelo Revelo de Sousa, “praticamente todas as figuras da política passaram por aqui”, conta Miguel Garcia, que, sem entrar em inconfidências, recorda que o restaurante foi palco de muitas decisões políticas e o atual Presidente da República, antes de exercer as atuais funções, aguardava mesa no balcão e “como estava cheio de fome, ia tirando batatas dos pedidos dos clientes que iam começar a comer”.

Café de São Bento
SALVADOR COLACO

A ementa do Café de São Bento é curta, mas bem recheada. Para começar há os “Clássicos” como o “Foie Gras de pato” (€14,50) com chutney de maçã, pera e tomate, e “os tradicionais camarões al ajillo” (€13,50). Depois o “Steak tartare” (€13), de “lombo de novilho picado, temperado como manda a tradição, servido com tostas”, o “Carpaccio de novilho” com parmesão, pimenta rosa, rúcula, tapenade de azeitona verde e redução de vinagre balsâmico. Nos principais é anunciado “o tradicional “Bife à Café de São Bento”, desde 1982”, “com molho à Café de São Bento - mesma receita há 40 anos, inspirada no Bife à Marrare acompanhado de batatas fritas aos palitos”, o “Bife à portuguesa” com alho, louro e presunto, como manda a tradição, acompanhado de batatas fritas às rodelas e o “Bife grelhado”. Se for do lombo, qualquer bife custa €28,50, da vazia fica a €24,50). Abriu uma concessão ao peixe, para servir “Bacalhau gratinado” (€22,50) e a uma “Tarte vegetariana” (€18,50), sinal das novas tendências às quais o Café de São Bento não quer estar alheio. A “Tarte Tatin de Maçã” (€9) é a forma “clássica” de terminar a refeição, rivalizando, nas preferências, apenas com “O melhor bolo de chocolate do mundo” (€9).

Café de São Bento

Para assinalar os 40 anos, o Café de São Bento (Rua de São Bento, 212, Lisboa. Tel. 913658343) lançou um tinto reserva 2020 (€32), em parceria com a Ravasqueira, com enologia do chief winemaker David Baverstock e consultoria do escanção Rodolfo Tristão. Feito com as castas Syrah, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Touriga Franca, encontra-se disponível apenas no restaurante.

Café de São Bento

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