Desligar, Vagar, Laurear: o aconchego do Alentejo na Casa do Gadanha
Há palavras do léxico da maior região espalhadas por este turismo de habitação, uma montra de mobiliário antigo, relíquias da feira local e peças de assinatura, com 12 quartos e um restaurante.
Aberta, pela primeira vez, a 17 de março de 2022, a porta da Casa do Gadanha foi recuperada e instalada novamente no mesmo lugar, para dar as boas-vindas a este turismo de habitação, localizado no coração da cidade de Estremoz. Outras há, do estilo art deco, espalhadas por este alojamento de Michele Marques e Mário Vieira, sócios e fundadores do Gadanha Mercearia & Restaurante, para que o interior deste antigo edifício não perdesse a sua essência.
Casa do Gadanha
A ideia era “ter um Gadanha onde dormir e com um atendimento diferenciado”, esclarece Michele Marques sobre a criação deste projeto constituído por 12 quartos (a partir de €160), divididos em seis distribuídos pelos primeiro e segundo pisos do edifício. É neste que está a sala de estar, com lareira e o chão em madeira, em forma de estrela. O acesso aos dois andares superiores é feito através da escadaria interior original, com o mármore de Estremoz em destaque.
“Quero que, aqui, as pessoas se sintam em casa.” Os tons suaves escolhidos para cada quarto, as aguarelas de Teresa Sequeira, as mantas da Burel Factory e o conforto cumprem o requisito, que quase nos faz esquecer que, lá fora, está a “Cidade Branca”. A mesma, cujo casario alvo é visto dos quartos e do terraço panorâmico da Casa do Gadanha, com uma pequena piscina e bar de apoio, abertos apenas durante o verão.
Casa do Gadanha
Pela Casa do Gadanha, há palavras e expressões alentejanas, gravadas em papel aguarela, como “desligar”, “vagar”, “laurear”, “ora adeus”, a lembrar as letras marcadas nas vetustas máquinas de escrever. As malas e peças de mobiliário antigos comprados em relicários ou na Feira de Velharias, as pias em pedra mármore, o mosaico hidráulico e “as camas feitas por um senhor de Estremoz” tornam este alojamento uma montra do que tão bem se faz Alentejo afora. Sem esquecer os candeeiros, de Patrícia Lobo, as rosas escultóricas, da autoria de Iva Viana, ambos instalados na sala dos pequenos-almoços, instalada no piso térreo.
Por falar na primeira refeição do dia, a Casa do Gadanha prima pela forma como mima os hóspedes. É aqui que entra Ruben Trindade, chef executivo do restaurante deste turismo de habitação. A par com Francisca Dias, dão azo à imaginação, desde o pão e as pizzas de fermentação lenta aos pratos servidos à mesa deste espaço.
Casa do Gadanha
Os produtos usados na confeção são maioritariamente alentejanos. A inspiração também, desde a manteiga de cor, que consiste na gordura cozinhada a baixa temperatura com pedaços de carne, cebola, alho, cenoura e massa de pimentão, ao tomate semi-desidratado, com piso de poejo, nas entradas. Além disso, “a ideia é trabalhar com o que há em cada temporada”, afirma Ruben Trindade, seja nas pizzas, seja nas restantes sugestões da carta. A arte de bem cozinhar é como que o convite a uma viagem pelos sabores da região, feita de forma consciente, igualmente no que à dose apresentada em cada prato.
Casa do Gadanha
Fica aqui a sugestão desta espécie de roteiro gastronómico, que tem lugar no restaurante Casa do Gadanha (Rua Vasco da Gama, 2, 4 e 6, Estremoz. Tel. 268249790) de quinta-feira a domingo, das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 22h30.
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