Bruxas? Sim, mas à mesa e de preferência com vista para o mar
Marisco na Praça, em Cascais
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Conhecidas, também, pelos nomes de ferreirinha, cigarra-do-mar, cavaco-anão, santiaguinhos ou grilos, as bruxas ou bruxinhas são um petisco muito apreciado por quem não dispensa uma boa refeição de marisco. As bruxas de Cascais são, talvez, as mais conhecidas, mas na Costa Vicentina e no litoral norte a fama também grande.
Scyllarus arctus. Este é o nome científico deste apetecível marisco de sabor adocicado. As bruxas são cozidas e depois servidas, inteiras ou abertas ao meio, como petisco ou entrada em muitas marisqueiras e cervejarias de norte a sul, e também Açores, onde é famoso um “primo” de dimensões consideráveis, o cavaco. Na verdade, no arquipélago são, bem a propósito e pela semelhança, chamadas cavaco-anão. Mas, no continente, por norma, a comparação é feita com a lagosta, considerando as bruxas como lagostas em miniatura, ainda que o sabor seja mais adocicado e suave.
Bruxas no Marisco na Praça
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As bruxas ou bruxinhas são também nomeadas por ferreirinhas, cigarras-do-mar, grilos ou até santiaguinhos, conforme referidas no litoral norte e na Galiza devido às “cruzes” que decoram o dorso do Scyllarus arctus. Nesta região são também confecionadas em arroz, mas a verdade é que a popularidade maior em Portugal está associada às zonas rochosas do Guincho. Ganharam, assim, o nome de bruxas de Cascais que têm no restaurante Mar do Inferno (Tel. 214 832 218) uma das mais afamadas catedrais de prova. “Costumamos tê-las todo o ano, quer sejam entregues pelos pescadores, quer seja nos nossos aquários”, explica ao Boa Cama Boa Mesa, José António Tirano, proprietário deste restaurante na da Boca do Inferno, com vista privilegiada para o mar.
Bruxas no Mar do Inferno
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Apesar de ser um marisco que existe em todas as estações do ano, nem sempre é possível encontrá-lo nos restaurantes. “Depende do estado do mar. Quando está muito bravo, como tem estado por estes dias, é impossível apanhá-las”, já que o processo é feito em “mergulho em apneia, à mão, a 14 metros de profundidade, dentro das grutas existentes nas escarpas”, conta José António Tirano. Percebe-se assim que os cerca de €100 cobrados por quilograma estejam longe de ser um valor elevado. Apesar de os aquários conseguirem manter uma quantidade razoável, é sempre mais seguro telefonar antes para garantir que existe “stock”, alerta o responsável pelo Mar do Inferno. Graças à existência de aquários, é também provável encontrar bruxas em restaurantes do Guincho, como o Monte Mar (Tel. 916 025 305) ou o Porto de Santa Maria (Tel. 214 870 240). Ainda em Cascais, mas no mercado da vila, as bruxas são presença assídua na banca do restaurante Marisco da Praça (Tel. 214 822 130).
Dependendo sempre do estado do mar, que condiciona o trabalho dos mariscadores, as bruxas são igualmente comuns na Costa Vicentina, em locais como a Cervejaria o I (Tel. 283 961 113), na Zambujeira do Mar. A norte, em Viana do Castelo, o Restaurante Maraberto (Tel. 964 506 932) é conhecido por servir a variante “Arroz de santiaguinhos”.
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