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Sofisticação, charme e alma: este novo boutique hotel acrescenta glamour a Lisboa

Hotel das Amoreiras
Hotel das Amoreiras

Dois prédios votados ao abandono deram origem a um acolhedor e luxuoso hotel em plena Praça das Amoreiras, no coração da capital. No novo alojamento, que abriu portas a meio do mês de outubro, cada detalhe foi pensado e concebido ao pormenor.

Quando um hotel reflete a imagem de uma pessoa, isso é sinal de personalidade. Quando o bom gosto e uma vivência multicultural se aliam a esse fator, o resultado é um local que aconchega, faz sentir em casa e exalta os sentidos. É assente nestas premissas que acaba de abrir portas o novo Hotel das Amoreiras, que integra o exclusivo portfólio da Small Luxury Hotels of the World.

Hotel das Amoreiras
Francisco Nogueira

Com três pisos – dois com 17 quartos e a mansarda com duas magníficas suítes cheias de luminosidade – este é o sonho tornado realidade de um gestor com uma carreira bem sucedida na banca, que decidiu trocar a estabilidade de um futuro prodigioso na Suíça pelo desejo de criar um hotel na praça onde brincou em pequeno e que considera ser a mais bonita da cidade que o viu nascer. “Fiz um hotel não para ter um hotel, mas porque me dá um gozo enorme tudo o que está por trás do conceito e concretizá-lo”, começa por explicar Pedro Oliveira, considerando que, “é essa alma e gozo no projeto que fazem a diferença. Depois ou se gosta e se identifica com o resultado, ou não”, assume.

Hotel das Amoreiras

O contacto com diversas culturas está na origem do gosto que Pedro foi desenvolvendo ao longo dos anos e que culminou no regresso a Portugal e a abertura do hotel. “Estudei no Liceu Francês e, ainda criança, fui viver com os meus pais e as minhas irmãs para Inglaterra onde, ao fim de semana, fazíamos viagens para conhecer as magníficas casas da National Trust, íamos lanchar aos hotéis e fazíamos compras nas feiras de antiguidades”. É nesta fase que começa a nascer o fascínio pelo coleccionismo, pela vivência dos hotéis, pelo requinte das propriedades britânicas.

Hotel das Amoreiras

Já em Lisboa, quando estudava Gestão na Universidade Católica, era num hotel nas proximidades do local onde hoje está o seu, que gastava boa parte da mesada. “Todas as quartas-feiras, antes das aulas, ia tomar o pequeno-almoço naquele hotel incrível. Observar pessoas de todas as nacionalidades a entrar e a sair, a viver o hotel, era, para mim, a representação de um sonho”, recorda. Apesar de esse gosto nunca o ter abandonado, a vida tomou outro rumo com a ida para a Suíça onde, durante 17 anos, trabalhou na banca.

Nesta fase, os gostos e vivências adquiridos com os pais, foram transferidos para a família entretanto constituída, a mulher, Alicia, e os três filhos: “Ao fim de semana saíamos e íamos beber um café a um hotel. Quando viajávamos, mudávamos de hotel de dois em dois dias, só para conhecer e testar”, conta.

Hotel das Amoreiras

A paixão pela hotelaria que continuava em crescendo, teve um dos picos quando o prestigiado Hotel des Bergues, em Genéve, fechou portas e leiloou todo o seu espólio. “Comprei um faqueiro com umas 70 peças que é o que uso no dia a dia em casa”, conta entre o riso e o orgulho. “Fascina-me imaginar quem é que já comeu com aqueles talheres”, confidencia.

Em 2016 a vida da família toma novo rumo. Pedro acalentava a vontade de regressar a Portugal. “A minha mulher é espanhola e eu quis que os meus filhos tivessem raízes portuguesas e espanholas, que soubessem o que é Portugal e Espanha para além das férias, que os vivessem, para depois, quando chegar a altura deles, então escolherem o que querem para as suas vidas”.

Hotel das Amoreiras

Em simultâneo com este desejo, em passeio pelo amado Jardim das Amoreiras, “dá de caras” com um prédio à venda, que decide adquirir. No ano seguinte, 2017, compra o prédio ao lado, ambos em muito mau estado, e de imediato dá entrada no pedido para construção de um hotel. “Deu-se a conjugação de dois factores”, explica. “Adoro esta praça e sempre achei que era boa demais para não ter um hotel. E, para mim, ter um hotel só fazia sentido neste local, em mais nenhum”, garante. Entretanto frequentou uma formação de um ano em gestão hoteleira, ainda na Suíça.

Hotel das Amoreiras

E como ter um hotel era uma paixão e não um negócio, Pedro Oliveira pôs mãos à obra e concebeu rigorosamente tudo o que podemos encontrar no alojamento. “Concluídas as obras estruturais do edifício, eu e a minha mulher começámos a pensar nos interiores e no conceito que pretendíamos para aqui”, torna a explicar, continuando, “não tenho pretensões mas tenho a minha opinião sobre as coisas e o meu gosto. E o resultado foi que 97% do que aqui está, foi concebido, desenhado e mandado construir por mim” revela. “Foi uma grande dor de cabeça, mas hoje olho para trás e era incapaz de fazê-lo de outra forma. O gozo e a aprendizagem que isto me deu foi brutal”, assente.

E episódios com (muito) humor não faltam nesta senda, como aquele em que, à falta de conhecimentos mais técnicos, “como alturas de rodapés e outros pormenores que desconhecia, corria para um hotel de referência para ver como estava feito. Se o deles estava daquela forma, é porque era assim que devia ser feito”, recorda a rir.

Hotel das Amoreiras

A paixão pela decoração e por interiores em geral ditou que fosse Pedro Oliveira a conceber os interiores, como já referido, inspirados na velha escola inglesa e o conceito de contryside house: “O trabalho dos arquitetos David Hicks e John Flower foram as minhas grandes influências”, revela. Além disso, quis também que o hotel fosse um prolongamento do sempre presente jardim. É assim que surgem os tons de verde como predominante na decoração. Depois há todo um jogo de harmonização de materiais e texturas. “Temos equilíbrio e harmonia entre o nobre e o simples como, por exemplo, o veludo e a palhinha”. As cores vão do verde seco aos tons areia, castanho e nude, com românticos e bucólicos floridos nas “senhorinhas” recuperadas.

Hotel das Amoreiras
Francisco Nogueira

O Hotel das Amoreiras (Praça das Amoreiras, 34, Lisboa. Tel. 211633710) tem, além dos 19 quartos (a partir de €250), um bar e um pátio exterior, onde são servidos petiscos ligeiros para acompanhar um copo de vinho e cocktails. O pequeno almoço é servido à la carte até ao meio dia.

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