“Do desalento à esperança”: Alojamento rural na serra da Estrela reabre após incêndios
Chão do Rio
Pedro Ribeiro
Reabriu no dia 16 de outubro, após o grande incêndio que destruiu parte da serra da Estrela. Conhecido pelas casinhas de telhado de colmo, o Chão do Rio, na aldeia de Travancinha, promete plantar espécies autóctones e fazer nascer uma “Floresta de Esperança”.
“Do desalento à esperança” é o slogan escolhido pelos proprietários, Catarina Vieira e Rodolfo Silva, para continuarem a alimentar o sonho que abraçaram há já 11 anos, ainda antes de imaginarem que, aquela que escolheram para casa de família, viesse a transformar-se numa unidade de alojamento de turismo rural, na aldeia de Travancinha, no concelho de Seia. “O Chão do Rio não estava nos nossos planos de vida, foi acontecendo”, começa por explicar Catarina, antiga gestora, agora dedicada exclusivamente a este projeto. Corria o ano de 2001 quando o casal descobriu esta propriedade, então com quatro hectares e as ruínas de uma casa. “Sempre gostámos muito de andar no meio da floresta, de identificar árvores, e sonhávamos em ter um local onde as pudéssemos plantar”, recorda. E o Chão do Rio - já assim estava registado - surgiu como a oportunidade de se tornar no local de escape aos fins de semana e férias, já que o casal é de Ílhavo. Devido a diversos contratempos profissionais, transformar a propriedade em alojamento surgiu como uma ideia a explorar evitando assim uma previsível venda. “Nesta altura decidi voltar a estudar, fazer uma pós graduação na área do Turismo porque tinha a ideia que era uma área que viria a ter futuro no nosso país, enquanto continuava à procura de alternativas profissionais,”, lembra.
Chão do Rio
Pedro Ribeiro
Logo nos anos seguintes nasceram mais cinco casas, uma piscina biológica e um parque infantil, que abriram ao público no verão de 2014. Uma vez mais a procura foi um sucesso, surpreendendo até os proprietários. “Tudo corria bem, a notoriedade a crescer, centrada sobretudo no mercado nacional, até que aconteceram os fogos de 2017, precisamente numa fase em que estávamos já com um quota de mercado estrangeiro na casa dos 30%”, recorda a proprietária. E foi desastroso o impacto dos fogos no Chão do Rio: mais de metade da propriedade ardeu, especialmente a zona da mata, mas também duas casas e a receção da unidade. “Encerrámos durante sete meses logo após a tragédia e reabrimos no verão seguinte com uma receção maior, as áreas operacionais com melhores condições e a natureza já muito bonita, a renascer”, explica. No final desse ano tem inicio a construção de mais uma casa, mesmo em vésperas do confinamento geral obrigatório ditado pela pandemia.
Chão do Rio
Pedro Ribeiro
Dois anos volvidos, quando tudo parecia ter tomado o seu rumo normal, a propriedade é novamente atingida pelos incêndios de agosto que destruíram parte da serra da Estrela . “Desta vez as habitações não foram atingidas, mas voltou a arder toda a envolvente, o prado, a área florestal e algumas estruturas de madeira”. Reaberto simbolicamente no passado dia 16 de outubro, precisamente cinco anos depois de terem encerrado pela primeira vez, o Chão do Rio está de novo a receber hóspedes.
Chão do Rio
Pedro Ribeiro
O próximo passo é recuperar a área verde ardida e torná-la “numa floresta com espécies autóctones, que vai ficar muito bonita”, conforme já vislumbra Catarina Vieira e que se chamará de “Floresta da Esperança”. Para tal será solicitada a colaboração dos hóspedes e de todos que queiram ajudar financeiramente, através de uma campanha de apadrinhamento de árvores que em breve ficará disponível no site e Facebook do Chão do Rio (Rua da Calçada Romana, Travancinha. Tel. 919523269).
Na edição de 2022 do guia Boa Cama Boa Mesa pode ler-se sobre o Chão do Rio: “Parece uma pequena aldeia de filme, devido, em grande parte, aos telhados de colmo das sete casas (T1 a T3). Foi o primeiro turismo rural a obter o certificado Biosphere Responsible Tourism, o que traduz a filosofia do lugar. Piscina bio, horta aberta aos hóspedes, para colher o que se desejar e cozinhar nas casas, contactar com os animais da quinta e participar na recuperação do bosque são formas de viver a Natureza neste local. Parta de bicicleta à descoberta da aldeia de Travancinha e de Seia, situada a 12 km”.
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