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Quando Kouve é sinónimo de um novo restaurante no Funchal onde reinam os vegetais

Quando Kouve é sinónimo de um novo restaurante no Funchal onde reinam os vegetais
Tataki de melancia, carpaccio de beterraba, um falso bife Wellington e uma sobremesa de cebola caramelizada são algumas propostas deste projeto "democrático", que inclui uma opção de carne e outra de peixe. Apesar de “muito mais trabalhosa”, a cozinha vegetariana permite “fazer coisas extraordinárias”, assume Júlio Pereira

Escreveu-se mais um capítulo no frutífero percurso gastronómico de Júlio Pereira no Funchal. Depois de encerrar a antiga pastelaria Kôdea, em dezembro, abriu no mesmo espaço o Kouve by Chef Júlio Pereira, um novo restaurante onde reinam os vegetais. Com esta aposta, o chef madeirense completa o “o triângulo” da sua vida e do ciclo alimentar. No Kampo brilham as carnes, no Akua os peixes e agora é a vez dos vegetais receberem a devida atenção. “Tinha toda a lógica numa perspetiva de reavivar o passado e apontar ao futuro. Não podemos comer tanta carne e tanto peixe. A dieta com menos proteína animal e estes restaurantes vão ser o futuro, não há hipótese. O planeta não aguenta uma produção louca”, considera Júlio Pereira.

Kouve by Júlio Pereira

Com o novo Kouve, o chef presta homenagem a um “grande agricultor”, o seu avô Mané Júlio, e à pureza do que a terra dá. Valoriza-se a “essência do produto e a sua temporada”. Contudo, a cozinha não se deseja fundamentalista. É sobretudo vegetariana, sim, mas “o mais democrática possível”. Estão disponíveis um prato de carne do Kampo (a Mendinha) e o peixe do mercado com molho de moqueca, que transita do Akua. Todos os pratos à base de vegetais são partilháveis e também se fazem meias doses para quem for sozinho. Apesar de ser uma gastronomia “muito mais trabalhosa”, permite “fazer coisas extraordinárias” com “mente aberta”, refere. Em vez de demi-glaces à base de ossos, por exemplo, aprimorou-se um molho vegan com 26 ingredientes como legumes, vinho tinto e cogumelos, que ajudam a concentrar o sabor.

Kouve by Júlio Pereira

No novo Kouve conte com sugestões menos convencionais, como o Carpaccio de beterraba, requeijão e queijo da ilha (€11,50), ou o Tataki de melancia e abacate (€12,50), sobre uma base de cebolada de soja. “A textura é giríssima... Assa-se de véspera e fica a marinar numa calda com aromas japoneses, ganhando uma textura diferente e grande flexibilidade, parece um naco de atum!”, descreve Júlio Pereira ao Boa Cama Boa Mesa. Curiosos são ainda os Cogumelos, inhame e zabaione (€12,50) e o Falso bife Wellington, que não é um bife tradicional, mas uma mistura com base de seitã e uma “dinâmica interessante no interior”.

Os Canellonis de beringela (€16) são panados em panko (pão ralado japonês) e as Filhós secas de queijo de cabra e pera (€12,50) enriquecem o menu, tal como o Folhado de couve flor (€13), que leva um molho de couve flor e couve flor assada: a couve flor é refogada no próprio açúcar natural durante várias horas, caramelizando e ganhando sabores, ao ponto de o puré se aproximar dos frutos secos em termos de sugestão de sabores. Um processo“giríssimo”, sublinha Júlio Pereira com entusiasmo.

Kouve by Júlio Pereira

Os doces de vegetais também deram pano para mangas. Apresentam-se surpresas como a Cebola caramelizada, com chocolate, caramelo de folha Kaffir e gengibre. Beterraba, maçã e cevadinha doce e a Cenoura, maracujá e amêndoa são as restantes opções, todas a €8,50. Estão disponíveis dois menus de degustação, o Menu Kouve Clássico (duas pessoas a partilhar por €80) e o Menu Kouve Carta Branca (duas pessoas a partilhar por €100). O restaurante Kouve by Chef Júlio Pereira (Rua da Alfândega, 76, Funchal, Tel. 933484939) tem Nuno Cevada como chef residente e capacidade para 36 lugares sentados. Metade ficam na esplanada e a outra numa sala interior de ambiente acolhedor e descontraído, com cadeiras produzidas por um artesão da Camacha, cortiça e uma parede com musgo liofilizado. Os verdes, castanhos e as madeiras associam-se à ideia de terra. “Não quero grandes luxos, o importante é a comida e a nossa maneira de estar”, remata o chef.

Chef Júlio Pereira
Henrique Seruca

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