Boa Cama Boa Mesa

Conheça cinco piscinas naturais para mergulhar na região Centro

Cortes do Meio
Cortes do Meio

Banhadas por água de nascente, encimadas por quedas de água ou tranquilos cursos de água, cinco piscinas naturais na região centro que são excelente alternativa às ondas do mar.

Quando o calor aperta e os dias se tornam longos, nada melhor do que estar junto à água. Alternativa à beira-mar, estas piscinas naturais oferecem um enquadramento único para os melhores mergulhos de verão.

Cortes do Meio: a capital das piscinas naturais
Partindo da cidade-neve, a Covilhã, são 15 quilómetros a percorrer entre estradas rodeadas da natureza imponente da serra da Estrela. Um percurso bem conhecido pela ribeira das Cortes, semiglaciar, que desce do planalto das Penhas da Saúde até à verde planície do Ourondinho por entre a vegetação e águas frescas oriundas das intensas neves inverneiras. Chegada a esta aldeia de montanha, desdobra-se em mais de dez poços de diferentes formas e feitios, entre lagos e cascatas de águas frescas, límpidas e cristalinas, emprestando a Cortes do Meio, instalada no lado sul da serra, o epíteto de “capital das piscinas naturais”. A escolha é grande e variada, já que alguns poços são mais profundos, outros mais alongados, há piscinas próximas da aldeia, outras à beira da estrada, enquanto a maioria só se alcança depois de um breve trilho ou caminho florestal e um ou outro acentuado declive. Muna-se de roupa e calçado confortável e de vontade de encontrar uma piscina natural deserta só para si. Tem garantidos cenários de sonho para um mergulho na natureza. Grande parte das 12 piscinas naturais já identificadas conta com trilhos devidamente assinalados para as alcançar, que podem ser percorridos a pé ou de bicicleta. Muitos aproveitam antigos caminhos usados pela população de Cortes do Meio para abastecer a cidade da Covilhã de bens essenciais aqui produzidos, como leite, cabritos ou carqueja.

Mergulhos sem fim
É também aqui que encontra a cascata portuguesa situada a maior altitude: Com uma queda de água de dois metros, o Poço da Cascata, eleva-se a 1400 metros e é um dos locais possíveis para ir a banhos. No Poço da Monteira, aproveitado para praia fluvial, com extenso relvado e estruturas de apoio, conte com várias pequenas queda de água, enquanto no Poço da Fatela, gerado a partir de uma queda de água, a intensidade da água oferece uma massagem natural. De reduzida profundidade, o Poço da Ponte Velha é seguro para as crianças e está rodeado de um espaço verde onde pode estender a toalha. Apenas para referir mais alguns, a partir do Poço das Azenhas, uma piscina comprida de caminho desafiante, aprecie as ruínas de vários moinhos e de uma fábrica de lanifícios. No Poço do Funil, um dos mais fotogénicos, usufrua do enquadramento da pequena cascata e das sombras em redor. No site da Junta de Freguesia de Cortes do Meio encontra as coordenadas para todas as piscinas naturais.

Piscina Natural do Paúl

Piscina Natural do Paul: Esculpida entre fragas
Mais do que um destino de neve, a serra da Estrela revela-se também um paraíso natural no tempo quente. No sopé da serra, a ribeira do Paul é bom exemplo disso. Com praias fluviais e uma piscina natural, aproveita as águas tranquilas da ribeira do Paul que nasce em Taliscas pela junção de dois cursos de água: a ribeira das Cortes e de Unhais da Serra. A partir daqui vai descendo as fragas e cerros da cordilheira da Estrela até chegar ao Paul, límpida e cristalina. O afluente do Zêzere oferece, entre rochas imponentes e um túnel de árvores, especial encanto à piscina natural, que também conferem sensação de isolamento e privacidade. A piscina natural aproveita as rochas graníticas que parecem esculpidas para receber este curso de água, que alimenta a piscina natural a partir de uma pequena queda de água. Descubra mais um pouco desta vila ancestral, a que se acede, a partir da Covilhã, pela estrada que liga ao Tortosendo, a EN230, seguindo depois pela EN343. Observe as muitas azenhas e antigas levadas que ainda se vislumbram junto à ponte, uma estrutura que remonta ao século V.

Piscina Natural de Ançã

Piscina Natural de Ançã: Entre a natureza e a história
Primeiro ponto a considerar: estacione o automóvel logo que possível e faça o restante percurso de acesso a pé, já que nas imediações desta piscina natural em plena vila histórica de Ançã, no concelho de Cantanhede, não vai encontrar lugar. Posto isto, saiba que, com diferentes graus de profundidade, adequados a adultos e crianças, águas puras e límpidas e um enquadramento natural incomum, marcado pela vegetação abundante, uma ponte romana e as casas da vila equilibradas em redor, é um local perfeito para um dia bem passado em família. Alimentada pela fonte de Ançã, esta piscina natural funciona durante todo o verão e é vigiada por um nadador-salvador, durante toda a época balnear, entre julho e setembro. Além de banhos refrescantes, a vila guarda extenso património: visite o moinho da fonte de Ançã, ainda responsável por transformar o cereal em farinha de milho, trigo, centeio e aveia. Relaxe no Quintal da Fonte, o bar de apoio, ou parta à descoberta do museu etnográfico, a praça do Pelourinho, e restaure energias para um bolo de Ançã ou de Cornos.

Praia Fluvial do Agroal

Agroal: Santuário de águas curativas
É num cenário de “santuário natural”, pleno de biodiversidade, que esta piscina natural desfruta das águas frias, termais e com propriedades curativas provenientes da nascente do Agroal, a maior do rio Nabão, afluente do Zêzere. Localizada em Ourém, a piscina fluvial do Agroal é uma área resguardada do curso do rio. Aqui, não se pode saltar nem mergulhar, apenas usufruir da frescura das águas. Para diversão total, basta sair da zona da piscina e entrar no rio. A zona é considerada praia fluvial e tem sido galardoada com Bandeira Azul. Durante a época balnear, dispõe de vigilância permanente. Existem diversas estruturas de apoio, de chuveiros a mesas de piquenique, passando por uma área de solário e um anfiteatro ao ar livre. Junto à piscina existem ainda vários cafés, esplanadas, e uma pequena unidade de alojamento. Faça uma pausa nos mergulhos para um passeio ao longo do novo passadiço que liga o Agroal ao Parque Natureza, durante 780 metros. No Centro de Interpretação Ambiental do Alto Nabão descubra a fauna, a flora e o canhão fluviocársico que fez nascer este tesouro natural. Daqui partem dois percursos pedestres, o maior dos quais, com 8,1 quilómetros, que exploram a natureza envolvente. Em dias de sorte talvez se cruze com uma lontra.

Poço Negro

Poço Negro: Um oásis em plena serra
Emoldurado por rochas graníticas onde corre uma bela e abundante cascata, o Poço Negro é uma das mais bonitas lagoas, entre as diversas que podem ser encontradas ao longo do rio Teixeira, um afluente do Vouga que serpenteia pela serra da Arada, junto da aldeia de Sernadinha, em São Pedro do Sul. Imagine-se num local onde apenas a natureza se impõe, entre vegetação exuberante e frondosa e o chilrear dos pássaros. Neste cenário, desponta uma imensa piscina cujas águas são cristalinas e de grande pureza, com a temperatura a rondar temperaturas muito apetecíveis de 21 graus. A tonalidade da água varia entre um intenso azul e um verde-esmeralda, o que fascina ainda mais, tornando este num autêntico oásis no meio da serra. Como se percebe, o nome “Poço Negro” nada tem a ver com a cor das águas, devendo-se sim à enorme profundidade, resultado da erosão dos fundos, provocada pelo constante bater da água que cai da cascata. Já a expressão “poço” é a que designa estas piscinas fluviais na região. Perante este espetáculo ir a banhos é inevitável, mas por segurança convém que seja experiente a nadar, uma vez que o local não tem vigilância. Se preferir, e para levar as crianças a brincar, ao longo das rochas da cascata que desagua nesta belíssima piscina natural, formam-se outras pequenas lagoas que, apesar das reduzidas dimensões, servem perfeitamente para refrescar.

Rota da Água e da Pedra
No local existe um parque de estacionamento onde pode deixar o automóvel, mas tendo em conta o mau estado da estrada, em terra batida e com diversos buracos, convém estacioná-lo junto à aldeia e fazer a pé o restante trajeto, que conta com cerca de 400 metros. Uma vez junto da cascata é preciso descer até à piscina. Agora sim, pode, finalmente, banhar-se. O Poço Negro integra um conjunto de piscinas fluviais e cascatas existentes ao longo do rio Teixeira – o que, em todo o país, conta com maior número destes fenómenos da natureza –, que estão inseridos na grande Rota da Água e da Pedra, com cerca de 90 quilómetros. A par do Poço Negro, o Poço Azul é um dos maiores da região e igualmente dono de um encanto ímpar. Para melhor conhecer e explorar estas maravilhas da região existem vários trilhos pedestres, com maior e menor dificuldade, que levam os caminhantes a recantos magníficos e misteriosos. De entre estes destacam- -se o Caminho Pedestre de Paraduça, a Rota de Manhouce e a Linha F, de Freita, das Montanhas Mágicas, que percorre todos os poços do Teixeira.

Este texto foi adaptado do Guia da Água 25 Piscinas Imperdíveis, com produção Boa Cama Boa Mesa, oferecido com o Expresso na edição de 13 de maio 2022.

Acompanhe o Boa Cama Boa Mesa no Facebook, no Instagram e no Twitter!

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: bcbm@impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas