Conheça quatro piscinas naturais obrigatórias na Peneda-Gerês
Foto: Antonio Cunha
Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, rodeadas de vegetação exuberante, formam-se a partir de quedas de água cristalinas que desbravam imponentes penedos. Locais de sonho para ir a banhos quando o calor aperta conheça quatro piscinas moldadas pela natureza.
Poço da Dola Selvagem e secreta, esta piscina natural conhecida localmente como Poço da Dola localiza-se em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, escondida entre as aldeias de Cela e Lapela, no concelho de Montalegre e é especialmente aconselhada aos simpatizantes de aventura, devido ao rigoroso percurso, não sinalizado, para a alcançar. Partindo da capela de Santa Luzia encontra um exigente trilho de 13 quilómetros, habitualmente utilizado por pastores e marcado apenas com mariolas – conjuntos de pedras encavalitadas, que mostram a direção a seguir – e com um desnível acumulado superior a 1000 metros. Isto significa que não é recomendado para quem não tem experiência ou preparação física, uma vez que demora algumas horas a ser concluído, e também deve ser evitado em dias de muito calor – dada a ausência de zonas de sombra – e em época de chuvas, quando o piso está escorregadio. No entanto, é um desafio repleto de beleza natural. Até chegar a esta lagoa, aproveite para conhecer o vale da Abelheira, imponente e repleto de cor quando chega a primavera, e o prado, o ribeiro e o curral das Biduiças, onde se aconselha que recarregue baterias com um almoço leve. Roupa, calçado confortáveis, comida e água são essenciais para passar horas em caminhadas e mergulhos. Para aproveitar toda a paz que o Gerês tem para oferecer, o melhor é evitar fins de semana e períodos de férias em época alta.
Entre quedas de água Ali próxima, a cascata de Cela Cavalos, de pequena dimensão, pouco conhecida comparativamente às mais famosas da zona, mas de uma beleza estonteante, é mais procurada nos meses quentes. Para lá chegar, deixe o carro junto à capela de Santa Luzia, lugar humilde, mas de culto na região, de onde se tem uma vista muito bonita para o vale do rio Cávado e para as serras envolventes, e siga a estrada, sempre a descer, até à cascata. O percurso de dois quilómetros demora cerca de meia hora (mais um pouco para regressar, a subir), mas é de relativa facilidade – observar a imensidão da natureza durante o trajeto ajuda a que o passeio se torne inesquecível. Quando começar a ouvir as quedas de água, alimentadas pelos ribeiros das Cavadas e de Cela Cavalo, o destino está perto. Se subir pelo lado direito da cascata, junto ao moinho em ruínas, vai encontrar, na parte superior da queda de água, a lagoa Cela Cavalos, a cereja no topo do bolo. De águas calmas e transparentes, é outro local ideal para mergulhos refrescantes
Fecha de Barjas
Fecha de Barjas Situada no fundo de um vale, a cascata e lagoa de Fecha de Barjas ou cascata do Taiti, como é popularmente conhecida, é apenas acessível por sinuosos caminhos pedestres e sem proteções. O percurso faz-se pela margem esquerda do rio, junto à ponte, até chegar à parte mais recôndita, a preferida para banhos, mas desaconselhada para grupos com crianças – neste caso, devem optar pelas primeiras lagoas a surgir no percurso, mais rasas e de fácil acesso. Apesar da dificuldade no acesso, quem continuar a descida íngreme vai ser compensado com uma paisagem arrebatadora: as águas provenientes do rio Arado caem pelas rochas até uma lagoa principal, serena e paradisíaca, exceto em épocas de muita afluência turística. Localizada nas Caldas do Gerês, perto da aldeia da Ermida, no concelho de Terras de Bouro, a cascata e lagoa de Fecha de Barjas não dispõe de infraestruturas nas proximidades, por isso, além de roupa e calçado confortáveis, é indispensável levar mantimentos necessários para um dia de mergulhos na natureza. E uma máquina fotográfica, já que o cenário é de cortar a respiração.
Portela do Homem
Portela do Homem Mais conhecida como cascata da Portela do Homem, por se localizar numa portela do vale do rio Homem, que nasce na serra do Gerês, a cascata e lagoa de São Miguel distam escassos mil metros da fronteira com Espanha. Uma vez que o acesso ao trânsito entre Leonte e a Portela do Homem (mata da Albergaria) está condicionado, deve parar o carro na zona de fronteira e fazer o caminho inverso a pé até à ponte. A dificuldade começa na descida para a piscina natural, por penedos acidentados em piso bastante escorregadio, ainda que curto. É, por isso, fundamental levar calçado seguro e confortável e evitar os dias mais húmidos. Como faz a maioria dos locais e estrangeiros, que se aglomeram na cascata da Portela do Homem, uma das mais procuradas da região, refrescando-se na sua água azul-esverdeada, admirando as quedas de água e aproveitando o melhor que a natureza tem para dar. Se procura uma alternativa às praias fluviais ou litorais, considere esta. No entanto, é fundamental abastecer- -se previamente com água e alimentos, uma vez que não há bares ou restaurantes nas imediações.
Poço da Gola Localizada junto da aldeia de Lindoso, no concelho de Ponte da Barca, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, o poço da Gola é uma piscina natural de águas límpidas e cristalinas. Numa das encostas da serra Amarela, a nona maior de Portugal, e alimentada pelo ribeiro de Mulas e pelo rio da Ponte, está rodeada de pedras graníticas e a forte envolvente paisagística alicia os adeptos da natureza no seu estado mais puro e selvagem. Para lá chegar, estacione perto do café/restaurante Mó, percorra o restante caminho, bastante acessível, junto à estrada EN304-1 e siga até à ponte de madeira, a partir de onde é possível avistar moinhos de água abandonados. Em seguida, corte pelo pequeno trilho à direita e acompanhe o curso de água durante poucos minutos. Nos meses mais quentes, os carvalhos e a restante vegetação propiciam muitas zonas de sombra, perfeitas para relaxar entre banhos e mergulhos. Para os mais aventureiros, explorar o trilho dos Moinhos de Parada é imperativo. O caminho, junto à ponte do poço da Gola, está devidamente sinalizado.. No total, são sete quilómetros de caminhada em formato circular (com cerca de quatro horas e meia de duração), num percurso que, não sendo regular, se consegue fazer moderada facilidade.
Este texto foi adaptado do Guia da Água 25 Piscinas Imperdíveis, com produção Boa Cama Boa Mesa, oferecido com o Expresso na edição de 13 de maio 2022.
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes