Grifos, o castelo do rei Wamba e uma praia fluvial para conhecer na Beira Baixa
Da beleza paisagística natural, ao confronto com obras de arte e engenharia de alta envergadura, Vila Velha de Ródão e Proença-a-Nova constituem uma admirável surpresa no Centro de Portugal.
A região Centro do país é guardadora de belezas naturais verdadeiramente avassaladoras. Paisagens impressionantes que nos retêm no espaço e no tempo. Um excelente exemplo dessas obras-primas com que é presenteada, são as Portas do Ródão, Monumento Natural, e um dos mais importantes geomonumentos existentes no país. O nome é dado à majestosa “garganta”, escavada pela força das águas do rio Tejo na crista de quartzo da serra do Perdigão, o que criou um estrangulamento no curso da água, de 45 metros de largura.
As Portas de Ródão são abrigo da maior colónia de grifos do país, o gigante abutre-das-montanhas do sul da Europa. Mas não só. Aqui resguardam-se 116 espécies de aves, muito raras, outras mesmo em vias de extinção. Os praticantes de birdwatching já aqui conseguiram avistar exemplares de águia perdigueira, milhafre real, cegonha-preta e abutre-preto.
As paredes escarpadas, com uma altura de 170 metros, que ladeiam o Tejo, as chamadas “portas”, encontram-se, uma, na margem que pertence a Vila Velha de Ródão, a outra, na margem que já é do concelho de Nisa. No cimo da “porta norte” encontra-se o castelo de Ródão ou do rei Wamba, que de acordo com a lenda, foi palco de uma amaldiçoada história de amor, e de onde se obtém uma panorâmica ímpar de toda a envolvente.
Para melhor ficar a conhecer a região, refira-se a existência de vários percursos pedestres de pequena rota, integrados no Geopark Naturtejo. Entre os trilhos, embora todos sejam merecedores de atenção, não deve por nada perder o Caminho do Xisto da Foz Do Cobrão, percurso circular com pouco mais de 11 km, cuja primeira parte segue junto às margens do Rio Ocreza num caminho junto a grandes penhascos quarteziticos, onde muitas vezes se observa o voo dos grifos e também a presença de lontras a nadar. Mais à frente as Portas do Vale Mourão e, depois, a pequena piscina fluvial da Ribeira do Cobrão, perfeita para um mergulho refrescante.
Outro percurso obrigatório, o Caminho da Telhada, assente numa plataforma aplanada, correspondente ao “terraço” mais antigo do rio Tejo, formado há cerca de um milhão de anos. Situado na localidade de Perais e com belas vistas para o rio Tejo, este percurso é considerado como o mais bonito de Vila Velha de Ródão.
Farol dos Ventos
Atravessando para o vizinho concelho de Proença-a-Nova, no lugar da Buraca da Moura, na Serra das Talhadas, há para admirar a arte na paisagem, que tem como o seu expoente máximo o Farol dos Ventos, uma obra executada em cabos náuticos coloridos, que irrompe na paisagem da montanha. A modelação e a rotação sequencial dos cabos e das suas cores, entre o vermelho, o laranja e o amarelo, criam uma bonita ilusão de movimento. O Farol dos Ventos foi a primeira obra de arte a ser instalada no âmbito do roteiro de obras de arte da Cortiçada Art Fest – Festival de Experiências Artísticas na Paisagem.
Via Ferrata
Um pouco mais adiante, na mesma serra, salta à vista no meio da paisagem a extraordinária Via Ferrata das Talhadas e a sua Torre de Vigia, de autoria do arquiteto Siza Vieira. Com 2190 metros, esta é a maior via ferrata do país. O percurso, circular, tem início na Torre da Vigia, de 16 metros de altura, é composto por 11 sectores, tem uma ponte himalaia de 15 metros e uma ponte suspensa de 40 metros. Um desafio destinado aos mais aventureiros, como facilmente se percebe. Esta Via Ferrata, à imagem de muitas outras, caracteriza-se por se localizar em paredes rochosas de montanha, com a utilização de escadas, pontes, cavilhas e agrafos para facilitar a progressão, integrando ainda zonas de escalada com segurança e de dificuldade reduzida, para se poder aprecia a paisagem.
Este Passeio Verde foi realizado em parceria com Volvo – Carro Oficial Boa Cama Boa Mesa
Os entusiastas por História têm para percorrer a Rota das Invasões, com pouco mais de nove quilómetros. A Beira Baixa é uma das entradas naturais de Portugal e este facto determinou a construção de monumentos militares estrategicamente implantados, de modo a constituir uma barreira aos exércitos invasores. Na serra das Talhadas, na região de Vila Velha de Ródão, são conhecidas algumas fortificações do tipo bateria, destinadas a controlar as vias de comunicação com o recurso a artilharia, bem como um castelo utilizado com a mesma finalidade, construído no século XII, o do rei Wamba. O percurso desenvolve-se em caminhos em ziguezague e logo na parte inicial dá acesso a três monumentos militares.
Proença-a-Nova
A região, entre Vila Velha de Ródão e Proença-a-Nova abriga ainda o Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo, um dos mais importantes conjuntos de arte pós-paleolítico da Europa, constituído por mais de 20 mil gravuras, cuja descoberta conduziu a várias campanhas de salvamento arqueológico até à sua quase completa submersão, em 1974, devido à construção da barragem do Fratel. Estas campanhas permitiram a obtenção de réplicas das gravuras e de um grande corpo documental que levou à criação do Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo, de visita obrigatória quando passar Vila velha de Ródão.
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