Novo restaurante Açafrão convida a viajar pela rota das especiarias
O novo restaurante é um projeto que presta homenagem ao explorador Pêro da Covilhã, ao famoso Pastel de molho e a toda a gastronomia do sopé da serra da Estrela, mas que remete sobretudo para a inspiradora rota de especiarias da época dos Descobrimentos,
Não existe certeza quanto ao dia, mas deverá ter sido no mês de dezembro de 1488 que Pêro da Covilhã chegou a Calecute, na Índia, e percebeu o percurso das especiarias. Para assinalar a data, foi na quarta-feira, dia 15 de dezembro que, na terra natal do descobridor, nasceu o restaurante Açafrão.
O novo restaurante é um projeto que presta homenagem ao explorador Pêro da Covilhã, ao famoso Pastel de molho e toda a gastronomia do sopé da serra da Estrela, mas que remete, sobretudo, para a inspiradora rota de especiarias dos Descobrimentos, afigurando-se como um restaurante pensado do local para o global.
Foi criado sob as premissas do respeito pela cozinha portuguesa, pelos produtos autóctones, pelas figuras da Covilhã e seguindo a temática das especiarias. Apesar de localizado em edifício contíguo, o Açafrão está integrado no Pena d’Água - Boutique Hotel & Villas, hotel de charme e de montanha, com pouco mais de um ano de existência e que mereceu a distinção Resiliência do guia Boa Cama Boa Mesa 2021.
Restaurante Açafrão
O ingrediente açafrão dá nome ao restaurante e tem o protagonismo enquanto especiaria fina trazida das Índias no século XV que, ainda na década de 1920, era utilizado pelos operários têxteis num caldo para cobrir o saboroso Pastel de molho da Covilhã, aquele que seria muitas vezes o seu almoço. Convertido em especialidade local, este pastel ainda hoje faz parte do cardápio covilhanense e surge reinventado num "Consommé de vitela, massa folhada, caldo de vinagre, açafrão e salsa", uma surpresa que integrará, em breve, a ementa deste novo restaurante da Cidade Criativa.
Restaurante Açafrão
Com os olhos na primeira ementa do restaurante Açafrão refira-se, para contextualizar, que foi idealizada pelo chefGonçalo Filipe (ex Alkimya e Ritz Four Seasons Hotel Lisboa) e pelo Diretor de F&B, Ricardo Ramos (proprietário da Taberna A Laranjinha). A degustação pode ser feita à carta ou, de preferência, ficando nas mãos do chef, viajando por diversos menus compostos por vários momentos. Elaborado maioritariamente com produtos locais, remete para diversas de tradições da região, do já referido Pastel de molho, mas também adaptações inovadoras como a "Rabanada" (€7,50), preparada com Bolo da Festa de Tortosendo (vila do município da Covilhã), e o "Requeijão combinado com gelado de tangerina, doce de abóbora e bolacha de cerveja" (€7,50). Todavia, as referências regionais começam logo nas Entradas, com destaque para o trio delicado de snacks (€6,50), que inclui o cone de requeijão e doce de abóbora, as crackers de arroz com maionese de açafrão e chouriço de javali e tostas de massa mãe com pasta de azeitonas.
Restaurante Açafrão
Nos pratos principais sobressai a "Truta" (€12,50), - especialidade incontornável da Beira que é confecionada de forma inusitada quando comparada com outras versões mais frequentes -, e surge num fresco e aromático tártaro, com molho de funcho e camomila e um toque divertido de um biscoito de queijo de ovelha em forma de esqueleto de peixe. Existem outras propostas, que consolidaram um lugar na procura de quem visita a região e têm de fazer parte da ementa, nomeadamente o "Polvo", aqui acompanhado com arroz negro e pimentos assados (€28), e a caça, declinada na carta no "Folhado de perdiz com alho francês, castanhas e Porto" (€21). O mesmo acontece em relação ao "Lombo de bacalhau, feito com grão e gema a baixa temperatura" (€22), e à vitela, da qual se escolheu a tenra "Bochecha, com raiz de aipo e queijo de ovelha" (€21). A carta contempla também opções vegetarianas, como o "Tofu com cherovia, legumes e massa mãe", o "Seitan com feijocas, cebola e Porto" e o "Risoto de legumes", Todos estes pratos custam €18,50.
Restaurante Açafrão
Das cerca de uma centena de referências vínicas, mais de metade são da Beira, e existe a possibilidade de aconselhamento para uma harmonização com os pratos escolhidos. Na sala conte com o apoio de André Carvalho, mas também do chef Gonçalo Filipe, adepto da interação. Para quem deseja maior exclusividade e uma experiência mais imersiva, existe a possibilidade de optar pela Mesa do Chef, podendo realizar a degustação numa sala privada.
Os vinhos e a gastronomia são os principais atrativos do Açafrão, mas o próprio espaço é uma experiência desde a chegada. O edifício onde se encontra o restaurante data de finais do século XIX, é da autoria de Ernest Korrodi e faz parte do Itinerário de Arte Nova da Covilhã. Na fachada, os frisos de azulejos com papoilas e caules ondulantes que se entrelaçam, assim como os trabalhos em ferro com motivos vegetais são elementos que remetem para este movimento artístico. No interior, encontramos os tons do outono e os materiais como a madeira e a pedra, tão característicos da serra.
Rabanada de bolo da festa de Tortosendo - Restaurante Açafrão
A Covilhã, cidade do turismo industrial e das performances criativas, tem um projeto novo com ambições de alta cozinha que permite conhecer as receitas tradicionais de forma diferente, mas também inspirar viagens, neste caso gastronómicas, sem a necessidade de atravessar o Oceano Índico. Basta reservar um dos 28 lugares do restaurante Açafrão (Rua São Francisco Álvares, 13, Covilhã. Tel. 275334168) para explorar as inspirações do Oriente, trazidas um dia pelo primeiro português a pisar terras da Índia.