Muito se tem escrito e falado da final da Liga dos Campeões que teve lugar no Porto no passado fim de semana. Mais um grande sucesso das autoridades nacionais alcançado com as suas excelentes capacidades negociais, vencendo novamente os países europeus concorrentes na organização deste tipo de eventos.
O sucesso alcançado no passado ano com a organização do mesmo evento em Lisboa, em plena pandemia, já tinha demonstrado o fortíssimo poder negocial de Portugal em conseguir o que mais ninguém quer.
Desta vez as autoridades nacionais conseguiram mais um estrondoso êxito ao aceitarem fazer o que nem as autoridades britânicas quiseram aceitar, por óbvios motivos de saúde pública em pleno desconfinamento da pandemia.
Como muitos sabem, e tal como no ano passado, o evento era para ser realizado na Turquia, mas a sua recente inclusão pelo Reino Unido na lista de países proibidos para viajar, por motivos de saúde pública, impossibilitou a disputa da final por duas equipas britânicas nesse país.
A solução óbvia seria assim realizar o evento no Reino Unido, poupando na logística e facilitando o acesso do público britânico, tratando-se de equipas nacionais. Mas por alguma razão que as autoridades portuguesas não compreendem, a UEFA não chegou a acordo com as autoridades britânicas, nomeadamente para retirarem a exigência de períodos de quarentena aos visitantes, por óbvios motivos de saúde pública.
Por isso só restava mesmo Portugal, no curto espaço de tempo disponível para encontrar outro local para o evento, com a sua habitual subserviência política e reconhecidas necessidades económicas e financeiras para se oferecer a tal serviço.
Como seria de esperar pelos responsáveis políticos, o evento trouxe incomensuráveis benefícios económicos a Portugal em consumo de cerveja e snacks, em uma noite mal dormida de hotel no Porto e imagens inesquecíveis das bem comportadas forças de segurança a zelar pelo bem-estar dos mal comportados adeptos/turistas VIP, que não estiveram sujeitos às regras impostas aos portugueses porque estavam a pagar a UEFA por isso…
Dizem os responsáveis que tudo correu muito bem, porque ninguém conseguia prever que os adeptos ingleses viriam disfarçados de turistas e não nas bolhas imaginárias do governo, nem ninguém sabia que os panfletos que distribuem no aeroporto não referem o uso de máscara obrigatório.
Ficam a perder mais uma vez os portugueses que terão que ir de máscara e de chinelos para a areia da praia, porque senão serão multados pelas forças de segurança para aprenderem a portar-se bem! E futebol só na televisão, pela sua saúde…
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt