Passados mais de dois meses desde as desconfinadas festividades natalícias, continuamos a viver em pleno confinamento forçado que tardou, por falta de coragem política, mas não faltou. Falta saber como e quando alguém terá coragem de forçar um desconfinamento.
A escandalosa falta de planeamento para confinar em Janeiro faz temer agora o pior, pela eventualidade de mais um desconfinamento desordenado. A inexistência de um plano para desconfinar volta a assombrar os audazes, entregues à sua sorte. Como sempre…
A velocidade estonteante a que o vírus se propaga e contagia tudo e todos, não é infelizmente acompanhada pela responsável nacional que sem pressa reconhece que ainda não percebeu a que se deveu o desonroso primeiro lugar mundial em infetados e mortos de Portugal em Janeiro. Talvez o inusitado frio em Janeiro, o desconfinado Natal e a variante inglesa que todos já sabiam existir tenham tido influência, mas ainda parece ser cedo para perceber…
Insistir no erro costuma por isso ser apanágio dos responsáveis políticos nacionais. E não é só insistir no mesmo erro, é também insistir em errar, nas inúmeras vertentes da gestão da sua autoridade, quando já não é possível adiar a decisão, ou continuar a fingir que está tudo bem.
A excelente ideia de contratar técnicos e especialistas para evitar tomar decisões políticas demonstrou mais uma vez a sua utilidade para o atual confinamento, com a grande vantagem de ter posto fim à hesitação precoce de confinar a população escolar, apenas alguns dias depois de juras de desconfinamento eterno.
Outra estratégia com bastantes provas dadas baseia-se em recorrer às sempre indispensáveis manobras de diversão, para dispersar a atenção da populaça que teima em não ter a sofisticação que os governantes desejariam para entender a enorme complexidade das suas contraditórias mensagens.
O mais recente exemplo é a muito útil novidade que o Estado irá comprar mais 38 milhões de vacinas extra para também vacinar outros países amigos, que mal estariam se estivessem dependentes de tais imaginárias inoculações, como no caso da gripe.
É mais uma estrondosa demonstração da grande competência na gestão de crises e da benevolente antecipação das necessidades dos outros, baseada na inusitada capacidade de organização nacional. Em geral. Pois no particular já temos a nossa dose…
Mas já se fala num plano de desconfinamento desde que apareceu um plano que parecia demasiado bom para ser verdade. Afinal era mais uma brincadeira que os responsáveis apressadamente vieram denunciar, pois nenhum plano oficial tinha sido planeado.
Foram finalmente anunciadas na passada sexta-feira com pompa e circunstância as boas notícias de que existe já um plano para técnicos e especialistas planearem o desconfinamento. O plano político é assim apresentar o plano técnico a 11 de Março, ganhando tempo para planear o arrastamento do confinamento, que parece ser a única forma de controlar a pandemia em Portugal. Até ao próximo confinamento…
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