Coluna de alterne

Le Pen e Macron, os dois lados da mesma moeda

Coluna sempre ligada ao que há de mais moderno e atuante nas forças das esquerdas internacionais descobrimos que Jean-Luc Mélenchon é que devia ser Presidente da República francesa e não um desses dois fascistas que são Emmanuel Macron e Mariane Le Pen. Porquê? – perguntais vós, ó ignotos! A primeira resposta que me ocorre é: porque eu disse; a segunda é: porque basta ver três ou quatro tipos na praça da Bastilha a incendiar tudo para saber que ele é o maior; e a terceira é que tanto Macron como Le Pen representam o que há de mais reacionário na República: os votos!

Sim, camaradas, conheceis alguém que tenha feito uma revolução escorado na força da votação popular, essa mole humana (pensava que só se dizia isto no futebol) sempre disposta ao ‘bota-abaixismo’? Tentou Chávez e morreu, passando o poder a Maduro que está a cair do nome abaixo! Mais nada. As revoluções que contam, são aquelas que o povo não sabe que as quer; quando sabe não as quer mesmo, têm de ser feitas contra estas forças!

Ora, Macron, esse banqueiro reacionário, deveria merecer o nosso voto por mor de quê? De ser contra Le Pen? Mas Le Pen é quase igual a Macron (salvo fisiologicamente, a menos que um deles seja transgénero, o que como modernos nos agradaria). Vejamos: ela é contra a Europa porque é a favor do capitalismo caseiro; ele é a favor da Europa porque gosta do capitalismo global; ela é contra os imigrantes, porque colocam em causa o nacionalismo e capitalismo caseiro; ele é a favor dos imigrantes porque proporcionam a mundialização e o capitalismo global.

Não podiam ser mais parecidos! Diferentes, camaradas, somos nós, os Melénchon de sempre: contra o capitalismo caseiro, contra o capitalismo global e a favor de uma coisa demasiado complicada para explicar nas escassas linhas que este jornal, pequeno-burguês radical de fachada socialista, nos concede!

Por isso, não há que hesitar. Na segunda volta o nosso voto é um não voto, o que nos deixa livres para partimos tudo, uma vez que nenhum dos eleitos é verdadeiramente representante do povo, como nós. Bem sabemos, camaradas, que há quem queira medir o apoio popular através dos votos, mas se assim fosse Lenine, o grande Lenine, não tinha chegado ao poder. Nem Che, o grande Che, nem Castro, o grande Castro, nem Pol Pot, o grande Pol Pot, nem Mao, o grande Mao! As eleições são uma farsa! Há quem diga que são a arma do povo, mas como bem dizia a organização daquela Drª que é agora endocrinologista, quem vota fica desarmado! E nós, desarmados, nunca.

Por isso camaradas, fica bem claro. Se ganhar Le Pen a culpa é de Macron, que não soube opor-se ao fascismo caseiro; se ganhar Macron, a culpa é da burguesia social-fascista que não consegue parar o capitalismo internacional que quer subjugar a França aos seus ditames.

Uma coisa é certa, camaradas: nunca por nunca a culpa será nossa. Nós temos a vantagem que nenhuma força tem – estamos a favor do povo francês que é a nosso favor. Infelizmente esse povo ainda não é a maioria, mas assim que tivermos pedras da calçada suficientes, veremos quem manda nisto!

Aux barricades! Aux armes citoyens! Le drapeau sanglant c’est levé! E outros hinos que nos façam ter fé! Nous sommes la jeune garde, nous sommes les jeunes de l’ávenir. E apesar de alguns de nós termos quase 80 anos isso não interessa nada…

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate