Luz e lata

Cavaco não sabe usar cravo, muito menos achincalhar a bandeira de Portugal

26 abril 2014 8:34

Fátima Pinheiro

Com "mon ami" Lula

fotógrafo oficial de lula (de quem não me lembro agora o nome)

26 abril 2014 8:34

Fátima Pinheiro

Cavaco pode ser criticado por muito. Mas o "argumento" do cravo e de que este governo é do "contra" (oiça aqui) é poucachinho. Se por aí fosse, teria que dizer a Soares -que ontem à tarde o lançou na Fundação Oriente, - que é muito pior uma pessoa achincalhar a bandeira de Portugal, a bandeira do seu país; e muito mal as pessoas "lá de fora" fazerem o mesmo em relação aos seus países. O meu post de hoje aterra neste "sentimentalismo" que não deixa de ser um largo do carmo, e que sabe lançar a "farpa" quando quer, numa oportunidade única: as comemorações do 25 Abril. Que melhor altura para dizer "25 de Abril sempre"? Que melhor altura para apontar o "negativo" que tem o País "agora" e dizer até que não é como "outrora"?

Um senhor respeitável, Mário Soares. Mas o que acontece, mesmo, a "uma abelha na chuva"? A ficção, de Abelaira ou outros, vai onde quisermos, e nada nos impede de sonhar com Buarque que "esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal". Mas não é com estes golpes "baixos", que o são por mostrarem memória curta e não mostrarem tudo. Queremos mesmo vasculhar o passado e o presente? Aí não chega um post, um livro talvez. Onde está o livro? Creio que deixo este parágrafo com esta pergunta, à qual alguns certamente saberão responder. Eu, talvez. Mas fico pelo rasteirinho de "Luz e lata", que aqui gosta de registar o que não lhe soa bem; o que é apenas e "só" "ares".

Digo-lhe isto eu. Eu que também tenho em Lula um amigo (e também ficamos bem na fotografia). Eu que tenho em Saramago uma das minhas paixões, como aqui já escrevi em abundância. De Pilar também já aqui disse o que penso, e por várias vezes, e por ela não nutro nem nada que se pareca. É um caso bicudo, ao qual ainda voltarei, mas não é hoje.

Eu, que gosto de ver o 25 de Abril de todos os lados, considero gravíssimo o Dr. Soares ter afirmado ontem: "(...) este Governo é contra o 25 de Abril e este Presidente da República nunca foi capaz de usar um cravo". E referindo-se aos militares de Abril: "Devemos-lhes tudo". Eu sei que são "tiradas" destas que o colocam acima de qualquer patamar e o têm tornado mais do que aquilo que ele é. Mário Soares é mais do que aquilo que dele fazem, tudo pode dizer que tudo é verdade. Em rigor isto tem um nome que intencionalmente não digo. Uma pessoa "normal" sabe do que estou a falar.

Voltando ao eu. Eu, que com estas palavras não quero nem posso (por impossibilidade ontológica, que às vezes também me sabe amordaçar) atingir o Dr. Mário Soares no seu nível pessoal, mas apenas limitar-me a apontar algumas críticas a certas atitudes suas. Eu sei que não se toca na liberdade de Soares - nem na de nenhuma outra pessoa ou cidadão - nem com uma flor; neste caso, nem com um cravo. A liberdade é o que de mais sagrado uma pessoa tem. Dr. Mário Soares: liberdade, sempre. Mas este governo é contra o quê? Mas este presidente não sabe usar o quê? Mas este presidente Cavaco alguma vez soube achincalhar a bandeira do meu país? Mas este governo surge por acaso de geração espontânea? Olhou bem para a plateia que tinha ontem à sua frente? Viu por acaso lá alguém que o faça lembrar que a "culpa" não é de Coelho?; o senhor que, não há muito, disse que não estava na política ativa, o que esteve então a fazer ontem à tarde à beira tejo?; a ver passar navios?; não me parece.

Construir Portugal? Sempre, Mário Soares. Agora achincalhar não. Eu, que até gostei de te ver na Gulbenkian no dia 23! E me vieram as lágrimas aos olhos. Cambaleavas. Ofereço-te um cravo cheio de esperança. E não estou a brincar. Estou a falar muito a sério: de liberdade para liberdade. Não é a fuga para a frente o passo que temos que dar...