42 anos, casado, duas filhas, escritor, autor do livro "Alentejo Prometido". É licenciado em História e mestre em Ciência Política. Fez investigação académica no IDN e IPRI. Colaborou com o "Público" e "Diário de Notícias". Foi editor da revista "Atlântico". É cronista do Expresso e da Rádio Renascença.
Estes jovenzinhos urbanos e alegadamente ambientalistas não duravam um dia se fossem largados numa quinta na aldeia, não saberiam ser verdadeiramente ecológicos, nem laranjas saberiam apanhar, quanto mais cavar, plantar, cuidar da criação, matar e esfolar coelhos, cabritos, borregos, carnes ecológicas. Por isso, resta-lhes o agitprop de privilegiado urbano: furar pneus de bólides, estragar quadros em museus, exigir o despedimento do professor que dá engenharia dos petróleos
Temos de sentir que não há castigo se dissermos coisas que parecem ilógicas, inúteis, ridículas e, sim, até ofensivas para todos ou para alguns numa sala com 100 pessoas. Mas o problema é que vivemos numa época em que 2 dessas 100 pessoas sentem que têm o direito de calar o humorista em nome da ofensa que sentem e, para piorar a situação, os outros 98 calam-se e consentem a censura, porque também querem acionar esse alegado direito contra outro humorista, artista, escritor
Porque é que não sujam as mãos, por exemplo, nos matadouros em vez de andarem a vandalizar museus? Porque é que não vão até ao matadouro mais próximo exigir uma relação mais responsável e ecológica entre a alimentação humana e a carne? Porque é feio e não fica bem no insta ou no tik tok?
O que é atacado não é a liberdade para opinar num mundo de pluralismo subjetivo, o que é atacado é a própria ideia de verdade enquanto realidade objetiva
Seja qual for o partido no poder, o tecido empresarial português que é dinâmico e que exporta, sobretudo aquele situado entre o Mondego e o Minho, não é captado pelas lentes lisboetas. De resto, esta invisibilidade do país do trabalho e da exportação explica também a invisibilidade das vitórias da direita. Na imprensa de Lisboa, as vitórias de Sá Carneiro, Cavaco e Passos foram sempre surpreendentes porque saíram de um país invisível e sub-representado no espaço mediático
Se os nossos velhos estão a morrer como nunca, debaixo do silêncio de políticos e media, que se comprometeram acriticamente com o #ficaremcasa, as nossas crianças nunca estiveram tão doentes
Na humilhação marialva da mulher, na humilhação autoritária do mais fraco e na impunidade dos poderosos, a Faculdade de Direito de Lisboa conservou até ao século XXI o ar bafiento do Estado Novo
Augusto Santos Silva é presunçoso. Além da presunção de superioridade moral da esquerda, Santos Silva tem a presunção de pensar que é o Maquiavel da pátria, o espertalhão dos jogos políticos. E o seu jogo é este: usar o Chega para chegar a Belém, recriando-se como o grande resistente contra o novo fascismo. Só que o tiro está a sair pela culatra, o Chega é que está a usar Augusto Santos Silva