Foi mais um dia de subidas no mercado secundário da dívida das yields das obrigações soberanas das economias da zona euro, com exceção da Grécia. No caso helénico, as yields desceram no prazo a 10 anos 38 pontos base para valores abaixo de 11%, embaladas pela expetativa de um acordo entre o governo helénico e os credores oficiais.
A trajetória de subida das yields em quase todos os emissores da zona euro está a verificar-se desde final de março.
A subida foi alimentada estas quarta-feira pelas palavras de Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), na conferência de imprensa realizada em Frankfurt depois da reunião do conselho de governadores. O italiano, que lidera os banqueiros centrais da moeda única, disse que as yields têm andado “um pouco nervosas” e que os investidores têm de habituar-se a “um período de maior volatilidade”. O BCE não mexeu na política monetária que está inalterada desde setembro de 2014, mas provocou ainda maior nervosismo no mercado da dívida.
As yields das economias do centro e de quatro periféricos do euro (Espanha, Itália, Irlanda e Portugal) fixaram novos máximos do ano. Subidas mais elevadas registaram-se para as yields das obrigações no prazo a 10 anos da Alemanha (mais 19 pontos base), França (mais 18 pontos base) e da Irlanda (17 pontos base).
O caso alemão fez títulos de artigos na imprensa financeira. As yields das obrigações alemãs naquela maturidade fecharam esta quarta-feira em 0,9%. Recorde-se que em meados de março desceram para um mínimo histórico de 0,07%. No mercado primário, de leilões de dívida pública, o Tesouro alemão colocou hoje dívida a 5 anos pagando 0,09% contra -0,007% (taxa de remuneração negativa) na operação similar anterior.
Nas Obrigações do Tesouro português verifica-se a mesma trajetória. As yields subiram hoje até 2,9% e fecharam em 2,87%, novo máximo do ano.
Depois do início da conferência de imprensa, o euro valorizou face ao dólar, subindo de 1,111 dólares para fechar em 1,254 dólares pelas 20h, uma valorização de 0,9%. Recorde-se que a 27 de maio o câmbio havia descido para 1,0862 dólares. O preço do barril de petróleo de Brent para entrega em julho caiu esta quarta-feira 2,5%, fechando em 63,87 dólares pelas 20h.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt