Outrora seguida com dedicação absoluta e entusiasmo, a Fórmula 1 deixou de interessar aos brasileiros. Longe vão os tempos dos supercampeões Ayrton Senna ou Nelson Piquet. Sem estrelas no ativo, candidatas a vitórias nos Grandes Prémios ou em vias de, pelo menos, sonhar com isso, não há motivação para ajudar a formar novos fãs da modalidade e, assim, esta perde visibilidade também nos media.
O Grande Prémio do Brasil, que se realiza este fim de semana, torna evidente este declínio. Sendo Felipe Massa o melhor piloto brasileiro da atualidade - mas que em sete anos não ganhou uma prova - a Globo perdeu o interesse pela transmissão da corrida no seu canal por cabo.
O problema é reconhecido pelo próprio patrão da F1, Bernie Ecclestone, para quem o México está a tornar-se um mercado potencilmente mais atraente e lucrativo na América Latina.
Há duas semanas, quando aí se realizou pela primeira vez um Grande Prémio, o ambiente foi bem mais efusivo. Em contraste, o comentador residente da Globo para estas provas, Galvão Bueno, publicou no Instagram uma fotografia sua a assistir à corrida na Sport TV, canal da concorrência. “É muito estranho que depois de 40 anos esteja em casa a assistir a uma prova de Fórmula 1. Mas a TV Globo não a está a transmitir”, comentou.
Para piorar, a equipa Williams é patrocinada pela petrolífera estatal Petrobras, empresa envolvida num escândalo que inclui acusações de suborno multimilionários e colocou a Presidente brasileira Dilma Rousseff em maus lençóis. Muitos brasileiros perguntam qual o interesse da Petrobras em investir na Fórmula 1, deixando que a sua desconfiança em relação à petrolífera contamine a forma como olham também para a modalidade.
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