ARQUIVO 10 perguntas a... por Inês Meneses
Hugo Moutinho: “Desconfio sempre dos DJ que não dançam”
DJ há muitos anos sob o nome de Mr. Mitsuhirato e um dos rostos da Louie Louie de Lisboa. Faz também parte do coletivo Discotexas
ARQUIVO 10 perguntas a... por Inês Meneses
DJ há muitos anos sob o nome de Mr. Mitsuhirato e um dos rostos da Louie Louie de Lisboa. Faz também parte do coletivo Discotexas
Já descobriu se a música é mais regeneradora de dia ou de noite?
O poder regenerador da música é infinito. Não depende da hora do dia, mas sim do que se ouve. A música certa no momento certo faz milagres!
A dança é muito libertadora. Percebe quando as pessoas vão à procura dessa catarse?
Há sinais que nos ajudam a ler a pista: quando as pessoas se deixam embalar pela música, quando dançam de olhos fechados, quando preferem sentir a música em vez de estarem a conversar, quando cantam, quando se abraçam. Li há pouco uma frase do Luciano Barbosa (Repórter Estrábico) — que faleceu há dias — em que ele dizia “quem dança seus males amansa” e faz todo o sentido.
Como faz a sua? (catarse)
Saindo para dançar, para me perder no meio das pessoas, ou ficando no meu canto a ouvir um disco que me faça arrepiar.
Para muitos sair à noite é quase uma terapia. É bom na gestão dos corações desabrigados?
Gosto de jogar com as letras. Quando passo canções, como DJ, tenho esse poder de fazer extravasar uma série de sentimentos. Um dos deveres do DJ é salvar vidas, ou pelo menos tentar. Já houve quem declarasse o seu amor ao som da minha música; amor que culminou em casamento. Não há melhor elogio.
A música do acaso também tem a sua magia?
É sempre importante sermos surpreendidos.
Porque dançam pouco os DJ?
Não sei, mas desconfio sempre dos DJ que não dançam. Não há imagem mais triste do que um DJ que não dança na pista ou na cabina.
O que aprendeu com o seu pai (o jornalista e escritor Viale Moutinho) que lhe sirva de base para cada dia?
A integridade, a independência, o humor, o entusiasmo no experimentar, o sentido de dever de não me acomodar, de não parar de fazer coisas em várias frentes.
Continua a inventar-se muito de ‘novo’ na música?
Bastante. É importante experimentar, misturar, tentar chegar mais longe, surpreender.
Que canção podia resumir a sua vida?
Por mais que pense não consigo resumir a minha vida numa canção. Já tenho demasiada bagagem para isso. Talvez conseguisse reunir umas 10 canções que falassem de amores e desamores, de raiva, de incompreensão, de esperança, de crescimento, de perda, de revolução…
Até que idade quer ser DJ?
Até deixar de sentir a catarse na pista de dança.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt