Exclusivo

Expresso 50 anos

Lojas do Porto: Antes fazia-se fila para as gaspeadeiras, agora é para a livraria Lello

Lojas do Porto: Antes fazia-se fila para as gaspeadeiras, agora é para a livraria Lello
RUI DUARTE SILVA

O comércio tradicional é uma janela para a vida na cidade do Porto. Lojas com décadas de atividade, adaptaram-se aos tempos, e ganharam novo charme. As mercearias finas encantam os turistas, nas lojas-oficina renova-se a oferta: a Casa Crocodilo é das poucas a fazer reparações de marroquinaria, a Escovaria de Belomonte faz as vassourinhas voadoras do Harry Potter. Nunca se sabe se a J.K. Rowling não passou por ali

Lojas do Porto: Antes fazia-se fila para as gaspeadeiras, agora é para a livraria Lello

Marina Almeida

Jornalista

Lojas do Porto: Antes fazia-se fila para as gaspeadeiras, agora é para a livraria Lello

Rui Duarte Silva

Fotojornalista

Naquele tempo na Baixa do Porto quase só se viam cabeças no ar. Agora os bancos reduziram para 15%, as companhias de seguros também. Foram saindo daqui centenas que tinham poder de compra e que mantinham as nossas casas de pé porque era pessoal que gostava do bom e podia pagar o bom! Esses desapareceram. Os que aparecem por aqui, vêm ao barato, sem qualidade. Mai nada”.

Alberto Rodrigues, proprietário da Mercearia do Bolhão, no 305 da Rua Formosa, passa os dias na Tabacaria Nicoleto, na porta ao lado. É o dono de uma das casas mais antigas do Porto há 25 anos. Fundada em 1880, era a secção de mercearia da Confeitaria do Bolhão. Se a tabacaria não tem paragem, a mercearia está mais sossegada. “Há 25 anos para nós era muito melhor, fazia-se o triplo do negócio que se faz hoje. Mas quanto é que aumentou o artigo de lá até cá? Evidentemente que ainda tenho o cliente com poderio e sabe distinguir o produto”, diz atrás do balcão, entre carrinhos miniatura, embalagens pasta de dentes, tabaco, isqueiros, jornais e revistas.

“Ó Sr. Alberto dê-me essas duas [raspadinhas] que estão a acabar. Essa com a ponta revirada”.

Todos os sinais da sorte são sinais.

“Tem cautelas?”

Já foram todas vendidas.

“Você é rei”.

Ele ri-se. Ganhar dinheiro é a sua profissão. Despacha a mulher que lhe deixa um euro sobre o balcão.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: malmeida@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate